Médicos denunciam atrasos salariais e falta de medicamentos para pacientes graves no HGR

Hospital Geral de Roraima (Foto: Divulgação)

Profissionais de saúde contratados para atuar no Hospital Geral de Roraima (HGR) denunciaram à Folha que estão há cerca de cinco meses com salários atrasados. Ao lado da falta de pagamento, apontaram uma escassez de medicamentos essenciais para tratamento de pacientes graves, internados nas UTI’s (Unidades de Terapia Intensiva).

Segundo os relatos, os atrasos salariais começaram em abril do ano passado e se intensificaram nos meses seguintes, não recebendo mais nada a partir de junho. Mais de 100 médicos estariam trabalhando normalmente, mas sofrendo com a falta de pagamento.

“De junho para cá começou o bololô mesmo. Atrasou dois meses, aí pagaram um, depois atrasou mais dois e pagaram outro. Mês passado, em dezembro, recebemos apenas o pagamento de agosto”, relatou uma médica, que preferiu não se identificar.

Diante da situação, os médicos terceirizados divulgaram uma nota de repúdio cobrando providências do governo do estado.

“Somos mais de 100 médicos com pagamento de salários atrasados há cinco meses. Somos seres humanos, temos necessidades, temos contas a pagar, temos família, temos responsabilidades. Senhor governador [Antônio Denarium] e senhora secretária de saúde [Cecília Lorenzon], repudiamos veementemente essa situação e cobramos responsabilidade para conosco, cobramos o que temos direito, visto que o salário é um direito essencial garantido por lei”, diz um trecho da nota.

Falta de medicamento

Além da questão salarial, os profissionais afirmam que a unidade enfrenta uma grave crise de abastecimento de medicamentos. Conforme a médica, não há paracetamol (analgésico e antitérmico), salbutamol (broncodilatador) e clopidogrel (antiplaquetário) – essenciais para tratar dores, crises respiratórias e prevenir casos de infarto.

A situação é ainda mais crítica para pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), onde infecções por bactérias multirresistentes têm se tornado mais frequentes. No entanto, não há antibióticos disponíveis para o tratamento.

“Está faltando meropenem, ertapenem, tigeciclina, amicacina. Tem pacientes que estão com bactérias resistentes e que só respondem a esses medicamentos, mas eles simplesmente não estão disponíveis no hospital. Esses pacientes vão pagar com a vida”, desabafou a profissional.

Os médicos questionam a falta de providências das autoridades e reforçam o apelo por soluções. Além disso, criticam a terceirização das UTIs da unidade, noticiada pela Folha.

“Verba tem. Eu não sei o que passa na cabeça desses governantes. Eles querem terceirizar a UTI e dizem que o cuidado não está sendo efetivo. Mas como é que a gente cuida efetivamente de um paciente sem o básico? O paciente faz febre, é alérgico à dipirona e não tem paracetamol”, criticou a profissional.

Outro lado

Diante da denúncia, a Folha procurou o Governo de Roraima e a Secretaria de Saúde (Sesau) solicitando os motivos da falta desses medicamentos, além de informações sobre as providências adotadas para restabelecer o estoque da unidade e o prazo estimado para a normalização do fornecimento. Até a publicação da matéria não houve resposta e o espaço segue aberto.

O post Médicos denunciam atrasos salariais e falta de medicamentos para pacientes graves no HGR apareceu primeiro em Folh BV.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.