Um em cada quatro municípios paulistas está em epidemia de dengue

dengue (1)

PATRÍCIA PASQUINI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Um em cada quatro municípios paulistas está em epidemia de dengue. É o que mostra o Painel de Arboviroses da SES (Secretaria Estadual da Saúde).

De 1º de janeiro até o meio-dia desta terça-feira (4), o estado de São Paulo totalizou 58.695 casos confirmados de dengue. No período, 27 pessoas morreram, e 64.794 casos e 177 óbitos estão em investigação.

De acordo com a pasta, 51 cidades estão com decreto de emergência por dengue ativos e 161 já vivem epidemia (24,9%).

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) e o Ministério da Saúde, considera-se epidemia quando a incidência ultrapassa a casa de 300 casos por 100 mil habitantes.

O coeficiente de incidência é um critério do Ministério da Saúde para a classificação da doença em relação à população. Para chegar a ele, basta multiplicar por 100 mil o número de casos novos e dividir pelo total da população na área em questão. O indicador mostra o risco de os moradores ficarem doentes e a probabilidade de novas ocorrências.

Santa Salete (a 601 km da capital paulista) tem o coeficiente de incidência mais alto. São 6.117,50 casos por 100 mil habitantes. Santana da Ponte Pensa (5.804,91), Turmalina (5.609,76) e Glicério (5.166,50) aparecem em seguida.

Em São José do Rio Preto (a 438 km de São Paulo), quatro pessoas morreram em decorrência da doença.

O município confirmou 5.651 casos –incidência de 1.164,30.

Na capital, a incidência ainda é baixa -24,8 por 100 mil habitantes- segundo o painel da SES. A cidade de São Paulo soma 2.835 casos confirmados de dengue. Outros 664 casos e dez mortes estão em investigação.

Hoje, no estado, circulam os sorotipos 1, 2 e 3 do vírus da dengue. Predominam os tipos 1 e 2.

Para David Uip, diretor nacional de Infectologia da Rede D’Or e ex-secretário estadual da Saúde de São Paulo, o cenário não é otimista e 2025 será um ano de números altos, a exemplo do que ocorreu em 2024.

“No ano passado, aquilo que era sazonal virou uma doença de ano inteiro. E não tem como ser diferente. Se persistir o sorotipo, você vai ter uma população já imunizada”, diz.

O vírus da dengue possui quatro sorotipos. Quando um indivíduo é infectado por um deles adquire imunidade contra aquele, mas ainda fica suscetível aos demais. Contra o sorotipo 3, menos comum, a maior parte da população ainda não tem imunidade.

“Na segunda vez que você pega a doença, há 10% de chance maior de ter dengue grave. No 3 já não é tão grave quanto da segunda vez. E a vacina protege mais contra o 1 e o 2. Para você fazer uma pesquisa envolvendo os quatro sorotipos, você tem que ter epidemia dos quatro. Por isso que a pesquisa da vacina muitas vezes é longa, especialmente se você quiser uma vacina que faça prevenção de todos os sorotipos.”

Ainda não há vacina disponível em massa para toda a população. Hoje, apenas a faixa etária entre 10 e 14 pode se vacinar com a Qdenga, da farmacêutica Takeda.

O Instituto Butantan produziu uma vacina que ainda está sob avaliação da Anvisa. Se aprovada, a Butantan-DV será a primeira vacina do mundo em dose única contra a doença transmitida pelo mosquitonAedes aegypti. A expectativa é a de que isso favoreça a imunização da população, já que no esquema hoje existente, de duas doses, muitas pessoas acabam não retornando para tomar o reforço.

A dengue é uma arbovirose transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que se reproduz em água parada.

Calor e chuva formam o cenário perfeito para ele se proliferar. Por isso, o pico da doença se estende até meados de abril. Além das três instâncias de governo, a população precisa ficar atenta.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.