Haddad vê queda do dólar trazendo alívio para inflação de alimentos e confia em safra forte

NATHALIA GARCIA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou nesta terça-feira (4) que a queda da taxa de câmbio pode trazer alívio para a inflação de alimentos e disse confiar em safra recorde neste ano.

“O dólar estava R$ 6,10 e está R$ 5,80. Isso já ajuda muito, porque essa escapada que deu, com a ação do Banco Central, a ação do Ministério da Fazenda, essas variáveis econômicas se acomodam em outro patamar e isso certamente vai favorecer”, afirmou.

“Eu estou muito confiante de que a safra deste ano, por todos os relatos que eu tenho tido do pessoal do agro, vai ser uma safra muito forte e isso também vai ajudar”, complementou.

Na ata do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada nesta terça, o colegiado do Banco Central apontou que o cenário de inflação no curto prazo continua adverso.

Entre os fatores, citou a elevação “de forma significativa” dos preços dos alimentos, puxada pela seca e pela alta dos preços de carnes. Na avaliação do Comitê, a tendência é esse aumento se propagar para o médio prazo.

O tema é motivo de preocupação no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que vem discutindo alternativas para baratear os preços dos alimentos em meio à queda de popularidade do presidente.

O Copom também disse prever um novo estouro da meta de inflação em junho, conforme o sistema de alvo contínuo em vigor desde o início do ano, e reafirmou a sinalização de que pretende aumentar a taxa básica de juros (Selic) em um ponto percentual no próximo encontro, em março.

Se cumprir o prometido, a Selic vai atingir o pico registrado durante a crise do governo de Dilma Rousseff (PT), entre 2015 e 2016, no patamar de 14,25% ao ano. Hoje, a taxa básica está em 13,25% ao ano.

Para Haddad, o novo modelo de avaliação ajuda o BC a apresentar “um plano de trabalho consistente” para a convergência da inflação à meta. “A meta contínua permite uma melhor acomodação. Eu penso que o BC vai ter tempo de analisar o patamar de juro restritivo que ele vai manter e por quanto tempo, para conseguir esse objetivo”, disse.

O alvo central perseguido pelo BC é 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significa que a meta é considerada cumprida quando oscila entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto).

No cenário de referência do Copom, a projeção de inflação para este ano subiu de 4,5% para 5,2% -acima do teto da meta. Para o terceiro trimestre de 2026, a estimativa é de 4%.

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