O que se sabe e o que falta saber sobre cratera que se abriu em obra da futura Linha 6-Laranja do metrô de SP


Órgãos e empresas responsáveis pela obra ainda não chegaram a um consenso sobre a causa do acidente ocorrido na tarde desta quinta (12). Ministério Público quer apurar causas do acidente, identificar responsáveis e entender se houve eventual omissão na fiscalização. Buraco se abre em canteiro de obra da futura Linha 6-Laranja do Metrô, no Centro de SP
Uma cratera se abriu no canteiro de obras da futura estação Bela Vista, da Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo, na tarde desta quinta-feira (12). Ainda não se sabe o que causou o acidente.
Um vídeo mostra o momento em que a estrutura de um teatro abandonado localizado ao lado da obra desaba e cai dentro do buraco (vídeo acima).
A seguir, veja o que se sabe sobre o caso:
Onde foi o desabamento?
Que obra está em andamento no local?
Quem é responsável pela obra?
Houve vítimas?
O que causou o desabamento?
Quais as consequências do acidente?
Houve prejuízo à obra?
Que medidas foram tomadas?
O que o Ministério Público quer saber?
1) Onde foi o desabamento?
O desabamento aconteceu por volta das 12h30, em um canteiro de obras na Rua Treze de Maio, altura do nº 975, na Bela Vista, região central da cidade.
2) Que obra está em andamento no local?
No endereço, acontece a construção de um poço de ventilação (VSE) que ficará ao lado da estação Bela Vista, da futura Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo.
3) Quem é responsável pela obra?
As obras da Linha 6-Laranja do Metrô ocorrem por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP) firmada entre o Governo de SP e a empresa espanhola Acciona, por meio da Concessionária Linha Universidade (Linha Uni), que ganhou licitação em 2019 para dar continuidade às obras previamente interrompidas do metrô. O contrato de R$ 15 bilhões prevê a aquisição de 22 trens e o direito de operação e manutenção da linha por 19 anos.
4) Houve vítimas?
Segundo a Linha Uni, ninguém ficou ferido e não houve danos a terceiros.
5) O que causou o desabamento?
Os órgãos e empresas responsáveis ou que, de alguma forma, se relacionam com a obra ainda não chegaram a um consenso sobre a causa do acidente.
A prefeitura da capital afirmou que, na vistoria realizada, agentes da Defesa Civil constataram que houve solapamento parcial do solo devido à passagem do chamado “tatuzão” — equipamento que atua na escavação do túnel do metrô.
Já a Sabesp afirmou que as obras realizadas no local danificaram redes de pequeno porte de água e esgoto que passam pela região. Durante um período da tarde, a água jorrou por diversos canos afetados.
Em nota, a Linha Uni informou que investiga as causas o ocorrido e garantiu que “a situação está estabilizada”.
Ainda não se sabe se o tatuzão atingiu a rede de água e esgoto e por qual motivo isso aconteceu.
6) Quais as consequências do acidente?
Devido à interferência na rede de abastecimento, moradores e comerciantes da região ficaram sem água até a madrugada desta sexta-feira (13).
A Sabesp disse que suas equipes realizaram obras pontuais, manobras operacionais e que abastecimento de na região já foi normalizado.
No entanto, a companhia de saneamento explicou que ainda precisa fazer reparos na rede de esgoto, e que aguarda autorização dos órgãos competentes para iniciar os trabalhos.
O muro de um imóvel desativado que pertence à própria concessionária chegou a desabar durante o ocorrido, mas escorado para evitar novos problemas.
Alguns imóveis da região chegaram a ser vistoriados pela Defesa Civil e pelo Corpo de Bombeiros, que não constataram danos relacionados ao acidente e liberaram os endereços.
7) Houve prejuízo à obra?
A Linha Uni disse que não. Segundo a concessionária, o cronograma de obras não foi afetado.
“O evento ficou restrito à área do canteiro de obras, não gerou danos à terceiros e não houve feridos. Tanto o túnel quanto a tuneladora não foram impactados”, disse a empresa.
8) Que medidas foram tomadas?
Os órgãos e empresas responsáveis não informaram se, a partir desse acidente, haverá aumento na fiscalização das obras da Linha 6-Laranja.
O Governo de São Paulo informou que a Comissão de Monitoramento de Concessões (CMCP) acompanha o caso e segue o monitoramento das obras.
A CMCP disse ainda que está tomando providências cabíveis para identificar eventuais falhas e irregularidades.
O Ministério Público de São Paulo instaurou um inquérito civil para investigar possíveis irregularidades na construção da Linha 6-Laranja do metrô de São Paulo.
Após o acidente, o canteiro de obras foi isolado, conforme previsto no plano de contingência do projeto. Uma vez que o fornecimento de água foi interrompido e o vazamento parou, os funcionários da obra cobriram a cratera com concreto.
9) O que o Ministério Público quer saber?
O órgão quer apurar as causas de acidentes, identificar os responsáveis e entender se houve eventual omissão na fiscalização das obras.
O órgão considera que há a necessidade da “realização de diligências para se apurar a relação entre os fatos ocorridos, como também a responsabilidade pelos eventos, a indenização dos prejuízos causados e eventual omissão na fiscalização das obras”.
Entre as diligências, o Ministério Público requisita:
A apresentação do contrato da Parceira Público Privado celebrado para a construção da Linha 6;
Apresentação do projeto da obra, especificamente do trecho onde ocorreu o incidente, dos relatórios de fiscalização do contrato
Informações sobre as providências que estão sendo adotadas para apuração das causas do incidente e eventuais medidas administrativas adotadas em relação à concessionária contratada.
Buraco se abre em canteiro de obra da futura Linha 6-Laranja do Metrô, no Centro de SP, nesta quinta (12)
Jean Silva/TV Globo
Outras ocorrências na Linha 6-Laranja
Em fevereiro de 2022, uma cratera se abriu na Marginal Tietê após um trecho do asfalto ceder em proximidade com uma obra do metrô.
O trecho do asfalto que cedeu estava junto a um poço de ventilação localizado entre as futuras estações Santa Marina e Freguesia do Ó, da Linha 6-Laranja. A escavação na região começou a ser feita em 2021 pelo equipamento conhecido como “tatuzão”.
Segundo o Corpo de Bombeiros, ninguém se feriu com o ocorrido. Todos os trabalhadores conseguiram sair da obra. Apenas dois, que tiveram contato com a água contaminada (não limpa), foram atendidos pela própria empresa responsável pela obra por precaução.
Em maio deste ano, outra obra da linha Laranja abriu uma cratera em um condomínio que fica ao lado da futura estação Itaberaba-Hospital Vila Penteado, na Zona Norte de São Paulo.
O acidente provocou tremor e assustou moradores.
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