Conceição dos Bugres: 40 anos de um legado imortal na arte brasileira


Os icônicos bugres continuam vivos na memória e nas mãos do neto que mantém a tradição. Mariano Antunes Cabral Silva, o neto de Conceição e quem continuou seu trabalho
Daniel Reino/Subsecom
Neste 13 de dezembro de 2024, completam-se 40 anos da morte de Conceição dos Bugres, uma das maiores referências da arte popular brasileira e sul-mato-grossense. Conceição Freitas da Silva, nascida em 1914, no Rio Grande do Sul, e radicada em Mato Grosso do Sul, transformou madeira em cultura, criando os célebres bugres, esculturas que se tornaram símbolo de identidade e resistência cultural.
A história de seus bugres é carregada de misticismo e simplicidade. Segundo a própria artista, a inspiração veio ao observar uma cepa de mandioca com “cara de gente”. Mais tarde, substituiu a matéria-prima pela madeira, consolidando seu estilo único. A escultora foi descoberta e incentivada por figuras como Humberto Espíndola e Aline Figueiredo, que organizaram suas primeiras exposições na década de 1970.
Apesar da relevância de sua obra, Conceição viveu modestamente até sua morte em 1984. O legado, porém, segue vivo por meio de seu neto, Mariano Antunes Cabral Silva, que desde os 8 anos aprendeu a esculpir ao lado da avó. Hoje, com 58 anos, Mariano é o único a continuar o trabalho, vendendo bugres que variam entre R$ 50 e R$ 300, além de ministrar oficinas que mantêm viva a tradição.
“Quando faço um bugre, sinto como se minha avó estivesse comigo. Só produzo quando estou inspirado. É um dom que vou levar para a vida toda”, afirma Mariano. Mais do que peças de artesanato, os bugres de Conceição representam a força de uma arte que resiste ao tempo e mantém viva a história de um povo.
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