Cuidados na hora de soltar fogos nas festas de fim de ano

A queima de fogos de artifício é muito procurada nas celebrações de final de ano por ser um espetáculo bonito para os olhos. Mas todo cuidado é pouco na hora de mexer com explosivos, para evitar que as festas se transformem em tragédia. Quando manuseados sem cuidado, esses artefatos oferecem riscos sérios, como queimaduras de terceiro grau, danos ósseos, amputações e até mesmo a morte. O Jornal de Brasília conversou com um médico especialista sobre as práticas seguras na hora de soltar fogos em momentos marcantes como o natal e a virada do ano.

De acordo com o Sistema de Informação Hospitalares do SUS, em 2023, foram registrados 348 atendimentos hospitalares relacionados à queima de fogos de artifícios. Dados do Ministério da Saúde indicam que cinco deles foram registrados no Distrito Federal. Entre janeiro e setembro de 2024, foram 290 internações pela mesma causa, sendo cinco no DF.

O doutor Bruno Veronesi, especialista em mão e microcirurgia, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Mão (SBCM), apontou algumas recomendações para quem for manusear fogos de artifício nas comemorações de Ano Novo. O médico destaca que a primeira coisa a se fazer é dar a atenção devida quanto à procedência do produto, ou seja, deve-se comprar fogos de artifício em estabelecimentos autorizados e checar se tem ali na embalagem do produto um selo do Inmetro checando se ele atende aos requisitos legais. Após a compra, o consumidor deve ler com atenção as instruções da embalagem e seguir rigorosamente as orientações do fabricante.

Quanto ao uso deste produto, Bruno indica que deve ser escolhido um ambiente seguro. “Normalmente esse ambiente deve ser uma área aberta, longe de edificações e longe de fios de eletricidade”, frisou. Na hora de fazer o acionamento desse produto, o especialista aponta que não se pode esquecer de checar se todas as pessoas estão a uma distância segura dos explosivos. “Após acender o dispositivo, deve-se manter uma distância até o acionamento, pois se ele não estiver acendendo e a pessoa tentar se aproximar, pode haver uma explosão inesperada”, salientou.

Veronesi destaca que um erro comum é o manuseio dos fogos de artifício diretamente com as mãos. “Utilizar dispositivos apropriados como suportes e disparadores, traz um risco para a mão quando a pessoa segura diretamente o fogo de artifício”. E obviamente, o doutor afirma que esse tipo de produto deve ser manuseado por adultos e não por crianças. “Quando for disparar esse tipo de produto, que ele esteja apontado num ângulo de 90 graus com o solo e não em direção a pessoas ou estabelecimentos”.

Outra questão está relacionada aos locais onde esses produtos vão ser guardados até serem utilizados, “É importante que eles estejam armazenados em locais apropriados, locais secos, longe de umidade e de altas temperaturas, como próximo de fogão, por exemplo”. O doutor recomenda também, que nunca deve ser reutilizado um fogo de artifício que falhou em explodir. “Se ele não funcionou, esse fogo de artifício deve ser descartado”.

Falta de conhecimento

Ele afirma que de forma geral, dados do Ministério da Saúde apontam uma média de aproximadamente uma internação por dia devido a acidentes com esses fogos de artifício. As razões para esses acidentes envolvem a falta de conhecimento sobre o manuseio, as normas de segurança, a distância adequada que deve ser mantida para o fogo de artifício durante o seu disparo e a utilização em áreas que não sejam adequadas. Bruno cita as áreas cobertas. Além disso, a compra de produtos de baixa qualidade que não obedecem as normas regulatórias pelo Inmetro também podem explicar porque esses acidentes seguem acontecendo. “E outra causa importante, principalmente nessas datas festivas, é a utilização de fogos de artifício sob uso de álcool, ou outro tipo de substância que afete a coordenação motora de quem está manuseando”.

Os maiores riscos ao manusear fogos de artifício de maneira errada, são primeiramente as lesões nas mãos, como lacerações, fraturas e até amputações de dedos. Em casos de acidentes graves, o médico aponta que casos de amputações de dedos são relativamente frequentes por conta da energia da explosão. “Por isso a importância de evitar segurar esses fogos de artifício diretamente com as mãos e de utilizar dispositivos apropriados para mitigar esse risco”.

Outro risco ao manusear fogos de artifício, são as queimaduras, pois podem cair partículas incandescentes sobre o corpo de quem está soltando os fogos e causar queimaduras. “Também estão entre os riscos, as lesões auditivas e as lesões oculares, por conta dos estilhaços e da explosão em si”. Para além disso, o doutor complementa ao citar que existem os riscos de incêndios, pois as explosões que acontecem em regiões inapropriadas podem provocar chamas em locais ao redor de onde foi disparado o fogo de artifício.

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