Comunidade escolar e pais temem pela remoção da EC Guariroba, em Samambaia

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A comunidade escolar, pais e responsáveis temem pela remoção da Escola Classe Guariroba, localizada na Zona Rural de Samambaia. No fim do ano passado, o colégio foi informado da possibilidade de realocação da unidade por conta da construção de uma usina termelétrica a gás natural que ocorrerá nas proximidades da escola. 

Instalada na DF-180, há sete anos, a EC Guariroba atende cerca de 480 alunos, e funciona em período integral. Além das crianças da Zona Rural de Samambaia, são atendidas pela escola a comunidade do Monjolinho, Condomínio da Polícia Militar (PM), Bela Vista, Boa Esperança, Cerâmica e do final do Sol Nascente no setor de chácaras.   

Ao Jornal de Brasília, a professora Walquiria Gonçalves, enfatizou que o colégio sofre há anos com as realocações. “Esse assunto surgiu ano passado, em agosto, mas nada concreto. Mas este ano veio algumas orientações da Secretaria de Educação falando que talvez a gente seria realocado. De novo, quantas vezes somos realocados”, lamentou.

“Essa escola surgiu dentro da fazenda, e de lá ela já rodou em vários locais. Foi para galpões e para um prédio ao lado do lixão. Até que foi instalada aqui, há sete anos. Ou seja, sempre mudam a Escola Classe Guariroba. Toda vez que eles mudam o colégio de local perdemos o desempenho dos alunos porque temos que construir tudo do zero, as plantações e didáticas, além de ter a questão do deslocamento. O impacto é muito grande, tanto para a população como para a comunidade escolar”, salientou Walquiria.

Este ano, a princípio, a escola continuará instalada na Zona Rural de Samambaia. “Fomos informados pela diretoria que por enquanto não tem nada concreto, que este ano estava tudo bem. Mas fica aquela angústia, será que realmente está tudo bem? Porque o governo é assim, hoje ele fala uma coisa e amanhã ele vem desapropriar todo mundo. A preocupação é, queremos uma resposta urgente dos governantes, com relação à escola e ao impacto ambiental da usina”, frisou a professora.

A diarista Renata de Jesus, 29 anos, mãe das pequenas Millena Sousa, sete anos, e Micaella Sousa, cinco anos, mora na região há seis anos, e contou ao JBr, que a EC Guariroba é a escola mais próxima da sua casa para suas filhas estudarem, mesmo elas levando uma hora de van escolar para chegar na unidade. “Além de ser o colégio mais próximo da minha casa, outras escolas nas redondezas não tem vaga. A escola tem uma boa estrutura, está bem localizada, perto de casa, o que facilita para quem mora aqui. Desativando os alunos vão estudar aonde?”, questiona Renata.

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Mãe e filhas: diarista, Renata de Jesus, 29 anos, e Millena Sousa, sete anos, e Micaella Sousa, cinco anos 
Foto: Carolina Freitas / Jornal de Brasília

“É uma escola bem estruturada, inclusive com ginásio e parquinho coberto, não tenho o que reclamar. Já tem quatro anos que minha filha mais velha estuda aqui. Temos ótimos professores, e profissionais, desde a limpeza até as tias da cozinha. Nós sabemos que a demanda para receber alunos nas escolas é grande, inclusive em outros colégios nem tem vaga para a quantidade de alunos que tem aqui. Nós ficamos triste de ver essa situação porque como vamos sair daqui para levar nossos filhos para estudar no centro, é muito longe”, comentou Renata.

A dona de casa, Luciana da Silva, 38 anos, mãe da aluna Débora Santana, cinco anos, conseguiu este ano uma vaga para a filha estudar no colégio, e já foi surpreendida com a possibilidade de remoção da escola. “Pra mim essa escola é muito importante porque eu moro aqui do lado. Ela [Débora] estava estudando na Escola Classe Jibóia, o ônibus pegava na frente do condomínio, porém ele andava praticamente uma hora dentro da Zona Rural. Então, era muita poeira e uma distância muito grande”, disse Luciana.

Foto: Carolina Freiras / Jornal de Brasília
Mãe e filha: dona de casa, Luciana Silva, 38 anos, e Débora Santana, cinco anos 
Foto: Carolina Freitas / Jornal de Brasília

A EC Guariroba fica há cerca de cinco minutos da casa de Luciana, o que facilitará a vida dela e, principalmente, da filha. “Para a gente será muita comodidade, fora a poeira que ela [Débora] não vai mais respirar todo dia para estar na escola. Ano passado, foi o ano inteiro gripada por causa da poeira que respirou dentro da Zona Rural. Agora, estará mais perto de casa e teremos mais qualidade de vida, o que ajuda muito. Nós estamos lutando, porque não queremos que saia jamais essa escola daqui, tem é que chegar mais escolas, e não retirar”, desabafou Luciana. 

A dona de casa lembra que já pensou até em tirar a filha da escola, pelo fato de não encontrar vaga perto de casa. “Eu ficava com dó da minha criança inalando toda aquela poeira. Já pensei até em não botar na escola porque eu ficava com dó da situação. A primeira vez que eu entrei dentro do ônibus para ir, eu vi que era desumano. A pessoa, ainda mais criança, respirar uma hora de poeira dentro de um ônibus e passando em buracos, é muito sofrimento”, recordou Luciana.  

Em nota a reportagem, a Secretaria de Educação (SEEDF), esclareceu que, considerando a construção da usina termelétrica a gás natural nas proximidades da EC Guariroba, e a segurança e o bem-estar da comunidade escolar, está em análise a possibilidade de realocação da referida escola para uma área mais adequada e distante do perímetro da obra. “Essa medida visa garantir um ambiente seguro e propício ao desenvolvimento das atividades pedagógicas, respeitando as normativas vigentes e priorizando a integridade dos alunos, professores e demais servidores”, diz a nota.

“No entanto, a SEEDF enfatiza que não há previsão de fechamento ou mudança da escola, uma vez que isto só ocorrerá com a construção de uma nova unidade escolar. A pasta reforça que todos os envolvidos serão informados sobre o andamento do processo e as decisões tomadas, reforçando o compromisso com a transparência e o diálogo contínuo com a comunidade escolar”, completou a nota. 

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