Qualidade de água em praia alargada de Balneário Camboriú é ruim ou péssima

HYGINO VASCONCELLOS
BALNEÁRIO CAMBORIÚ, SC (FOLHAPRESS)

Alargada há três anos, a praia Central de Balneário Camboriú apresentou leve melhora na qualidade da água do ano passado para este. Dos 10 pontos analisados, 7 passaram de situação péssima para ruim, enquanto os demais continuaram com qualidade da água péssima, segundo levantamento da reportagem com base em dados do governo estadual.

Em 2020, antes da obra de alargamento, 7 dos 10 pontos apresentavam qualidade da água boa, enquanto outros três constavam como ruins.

Para ser considerada boa, a água precisa estar própria em 100% das medições. A classificação regular ocorre quando está imprópria em até 25% das amostras, enquanto ruim é quando a água está imprópria entre 25% e 50% das medições. Para ser avaliada como péssima, precisa estar imprópria em mais de 50% das amostras.

Apesar da leve melhora na balneabilidade, há quem evite se banhar na praia Central. O auxiliar de veterinária Danilo Reis, 20, mora há oito meses na cidade, vindo de Praia Seca, no litoral do Rio de Janeiro.

Na primeira vez em que esteve em Balneário Camboriú, em abril de 2023, entrou no mar sem se atentar para a balneabilidade. Porém, agora, prefere ir à praia do Buraco, próxima da roda-gigante, ou se deslocar até a praia Brava, na cidade vizinha de Itajaí.

“Gosto mais dessas praias porque, como são praias que geralmente têm bastante onda, acabam ficando mais limpas. É muito raro eu entrar no mar na praia Central porque a água é muito escura e às vezes tem mau cheiro”, disse.

A leve melhora na qualidade da água pode ter relação com melhorias na ETE (Estação de Tratamento de Esgoto), segundo o promotor do meio ambiente José de Jesus Wagner.

Em dezembro de 2022, a Promotoria identificou o lançamento de esgoto in natura no rio Camboriú, que desemboca no sul da praia, por causa do rompimento de uma geomembrana em uma das lagoas da estação.

Um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) foi firmado e, segundo o promotor, houve melhorias no sistema.

“Acredito que houve a correção de algumas situações da empresa Emasa. Houve a compra de decantadores, aquisição de novo gradeamento mecanizado, houve a recuperação da lagoa onde tinha havido problema e também ampliação do sistema de aeração. Essas são informações técnicas prestadas pela empresa. Então, houve uma melhora no quadro, longe do ideal, mas acredito que houve também logicamente uma melhora diante aquela situação catastrófica que ocorreu com o rompimento da geomembrana na lagoa”, afirmou.

Porém, o promotor entende que o problema da balneabilidade na praia não pode ser atribuído apenas à Emasa e destaca a poluição do rio Marambaia, que também deságua na praia, mas mais ao norte, e também outras fontes poluidoras do rio Camboriú -o que está ainda sob investigação.

Em janeiro, a cidade vai mudar de comando. O atual prefeito, Fabricio Oliveira (PL), deixa o cargo e assumirá Juliana Pavan (PSD). O político está há oito anos à frente do Executivo e apoiou outro candidato, que acabou derrotado nas urnas.

A nova administração prevê a construção de uma estação preliminar de tratamento de esgoto. Porém, a previsão é que a estrutura só esteja pronta em 2026.

Em nota, o futuro diretor-geral da Emasa (Empresa Municipal de Água e Saneamento de Balneário Camboriú) e ex-secretário de Planejamento, Auri Pavoni, classificou a atual situação do tratamento de água na cidade como “preocupante”.

Segundo ele, nos últimos oito anos, “não houve investimentos significativos na captação e tratamento de água, e a lagoa de decantação apresentou sérios problemas”, agravando os índices de qualidade.

“A nova estação preliminar de tratamento será licitada em janeiro de 2025, com um investimento de R$ 32 milhões. Além disso, serão construídos seis novos tanques, que substituirão a atual lagoa de tratamento, com custo estimado em R$ 76 milhões. Os recursos para essas obras já estão assegurados, e a previsão é de que estejam concluídas a tempo da temporada de verão de 2026, garantindo mais eficiência no sistema de saneamento e maior qualidade para o abastecimento de água na cidade”, disse.

A atual gestão da Emasa negou, também por meio de nota, que não tenham sido feitos investimentos e diz que o tratamento de água praticamente dobrou: de 670 litros por segundo para 1.200. A autarquia observou que aumentou a capacidade e reserva de água para quase 20 milhões de litros para suprir o sistema em picos de demanda, como ocorre na temporada de verão.

Já sobre a Estação de Tratamento de Esgoto, a atual gestão da Emasa disse que a unidade passou por melhorias e que o projeto de construção da nova ETE é da atual administração. “Foi projetado para tratar esgoto produzido por Balneário Camboriú e por Camboriú, quando esta tiver rede de esgoto instalada.”

Na estação existente, a lagoa de aeração foi reformada no final de 2023 e entrou em operação em janeiro de 2024.

“A estação recebeu ainda novo decantador, o quarto, além de sistema de gradeamento mecanizado, e novos trituradores. A ETE processa, em média, 30 milhões de litros de efluente que chega à estação por dia, com eficiência superior a 80%”, informou a atual gestão da Emasa.

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