Sem torre de controle, cabe ao piloto decidir sobre decolagem, segundo especialista

avião gramadao

FRANCISCO LIMA NETO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

“Onde não tem a torre de controle é o piloto que decide se vai decolar, é ele quem vê as condições e toma a decisão”, diz Roberto Peterka, especialista em segurança de voo.

É preciso, porém, avaliar as condições meteorológicas. “Ele tem que ter 5.000 metros de visibilidade horizontal, 1.500 pés de visibilidade vertical para poder decolar. Se não atender isso, a responsabilidade é dele”, acrescenta Peterka.

O exemplo aplica-se ao aeroporto de Canela, no Rio Grande do Sul, de onde partiu o avião que caiu em Gramado, neste domingo (22), matando dez pessoas. O local não dispõe de torre de controle e as condições climáticas não eram as mais favoráveis. Chovia e havia muita neblina na região.

O empresário Luiz Cláudio Galeazzi, 61, era o proprietário da aeronave prefixo PR-NDN, e pilotava o aparelho.

De acordo com o especialista, para ter um aeroporto controlado, é preciso ter um setor de meteorologia e uma torre de controle que condiciona os pilotos a decolarem ou não.

“Mas mesmo uma torre de controle negando a decolagem, o piloto tem a autoridade para decolar à revelia. O controle de tráfego aéreo vai suprir todas as informações do tráfego aéreo de segurança para esse piloto, embora, no final, ele possa responder por uma transgressão”, afirma Peterka.

Além do empresário, dono da aeronave, o diretor da Galeazzi & Associados Bruno Cardoso Munhoz Guimarães, e a esposa dele, Veridiana Natucci Niro, estavam no avião. A esposa de Galeazzi, três filhas do casal e a sogra do empresário também estavam no voo. Assim como dois filhos de Guimarães e Veridiana.

Os corpos das vítimas, após identificação, serão enviados para São Paulo. Os estados do Rio Grande do Sul e de São Paulo trocam informações para tentar acelerar essa identificação.

O grupo, que retornava de um passeio, embarcou no aeroporto de Canela (RS) e tinha como destino a cidade de Jundiaí, interior de São Paulo.

A queda da aeronave ocorreu em uma área próxima à avenida das Hortênsias, a menos de dois quilômetros do centro do município, que é conhecido pelo turismo, especialmente na época do Natal.

De acordo com o Governo do Rio Grande do Sul, a aeronave bateu contra a chaminé de um prédio em construção, atingiu o segundo andar de uma casa e também uma loja de móveis, que estava vazia.

Destroços ainda atingiram parte de um hotel.

A maioria dos feridos estava hospedada nesse hotel.

Duas mulheres, de 51 e 56 anos, ficaram em estado grave. Elas sofreram queimaduras de 2º e 3º grau em 30% e 43% do corpo, respectivamente. Encaminhadas para Porto Alegre, uma das vítimas estava no Hospital Cristo Redentor, enquanto a outra, na UTI Queimados do Hospital do Pronto-Socorro. Ambos são referência no tratamento de queimaduras.

Conforme boletim da manhã desta segunda-feira (23), a paciente de 51 anos chegou ao Hospital Cristo Redentor por volta das 17h25 de domingo. Ela seguia sedada e em ventilação mecânica. Não foram fornecidas informações sobre a condição da paciente de 56 anos.

Os outros 15 feridos já receberam alta.

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