Dólar abre em semana mais lenta, com parada para o Natal e avaliação do pacote de corte de gastos


O dólar abre a semana com a avaliação do pacote de corte de gastos, que terminou sua tramitação no Congresso Nacional. Investidores também aguardam para o fim da semana os dados da prévia da inflação de dezembro e os dados de desemprego do país em novembro.
Investidores acompanham de perto o desenrolar das propostas de corte. Há um temor de que as medidas anunciadas não sejam suficientes para equilibrar as contas públicas e conter o avanço das despesas do governo.
Houve uma “desidratação” de algumas medidas — ou seja, pontos foram alterados e podem conter as despesas públicas em patamar menor que o esperado.
Nesta sexta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, minimizou as mudanças no pacote. Segundo ele, o Congresso Nacional atendeu, dentro das suas possibilidades, “em um prazo curto de tempo”, um resultado preliminar “muito interessante”.
O titular da Fazenda também acenou ao mercado falando em novas medidas de redução de despesas no decorrer de 2025, sem detalhá-las.
Na semana passada, a moeda americana passou, na semana passada, por uma sequência de altas. O BC colocou mais US$ 28 bilhões em leilão para aumentar a oferta de dólares no mercado e conter o aumento.
O presidente do órgão, Roberto Campos Neto, avaliou que houve uma saída extraordinária de recursos do país neste fim de ano e, por isso, a instituição resolveu intervir. No ano, o dólar tem alta de 25%.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
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Dólar
Às 9h, o dólar abriu. Veja mais cotações.
Na véspera, a moeda norte-americana teve queda de 0,81%, cotado a R$ 6,0719.
Com o resultado, acumulou:
ganhos de 0,62% na semana;
alta de 1,19% no mês;
avanço de 25,13% no ano.

Ibovespa
O Ibovespa opera apenas às 10h.
Na véspera, o índice teve alta de 0,75%, aos 122.102 pontos.
Com o resultado, acumulou:
queda de 2,01% na semana;
perda de 2,84% no mês;
recuo de 9% no ano.

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O que está mexendo com os mercados?
O pacote de corte de gastos proposto pelo governo federal continua andando no Congresso. A ideia inicial era economizar R$ 70 bilhões nos próximos dois anos, e um total de R$ 375 bilhões até 2030.
Já na noite de quinta-feira, o Senado aprovou a proposta de emenda à Constituição (PEC) que cria novas regras para o abono salarial e prorroga a desvinculação de receitas da União, que libera recursos alocados anteriormente em outras áreas.
A PEC foi desidratada na Câmara. Os deputados mexeram em pontos que diminuem o impacto do corte de gastos. Os senadores mantiveram praticamente o mesmo texto da Câmara. So tiraram a possibilidade de o governo usar recursos do Fundeb para pagar merenda escolar. Veja o que muda com a PEC.
Ainda dentro do pacote de gastos, foi aprovado na Câmara o projeto que limita a alta do salário mínimo e exige cadastro biométrico de beneficiários de programas sociais. Os parlamentares agora analisam os chamados destaques — sugestões de alteração no texto. Finalizada esta etapa, a proposta vai ao Senado. Entenda aqui.
Na Câmara dos Deputados, foi aprovado também um projeto que adia o abatimento de bancos, no cálculo do Imposto de Renda e da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquida (CSLL), das perdas com empréstimos inadimplentes. O texto vai ao Senado.
A medida, segundo o Ministério da Fazenda, deve gerar uma arrecadação superior a R$ 16 bilhões em 2025. O projeto aprovado pela Câmara repete o teor de uma medida provisória, editada pelo presidente Lula (PT) em outubro, que está em vigor e perderá a validade em março do próximo ano. Saiba mais aqui.
Antes, na terça-feira, as primeiras medidas já tinham sido aprovadas pelos parlamentares: a Câmara dos Deputados aprovou o texto que proíbe a ampliação de benefícios tributários quando as contas públicas tiverem um desempenho negativo.
Além disso, quando o governo registrar déficit primário (situação em que as despesas são maiores que o dinheiro arrecadado), a proposta aprovada ativa um “gatilho” que limita o aumento de gastos do governo com pessoal.
O governo precisa reduzir os gastos porque tem uma meta de zerar o déficit público pelos próximos dois anos — ou seja, gastar o mesmo tanto que arrecada em 2024 e 2025. O arcabouço também estipula que o governo deve começar a arrecadar mais do que gasta a partir de 2026, para controlar o endividamento público.
Mas os agentes financeiros já não esperam grande eficácia das medidas para controlar o endividamento público, e declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Fantástico consolidaram a percepção de que o governo não pretende avançar muito na contenção de despesas.
O mercado tinha a expectativa de que o governo mexesse em gastos estruturais nesse pacote de corte de gastos — como a Previdência, benefícios reajustados pelo salário mínimo e os pisos de investimento em saúde e educação. Mas isso não aconteceu.
Segundo os analistas, essas despesas tendem a subir em velocidade acelerada e têm potencial de anular esse esforço do pacote em pouco tempo. O governo, contudo, é avesso às medidas, que mexeriam com políticas públicas e com promessas de campanha do presidente Lula.
Segundo o blog do Valdo Cruz, interlocutores do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avaliam que o governo precisa dar uma sinalização mais forte na área fiscal, incluindo o anúncio de medidas adicionais às já anunciadas, para reverter de vez o cenário negativo que reina no mercado neste fim de ano.
Os aliados de Haddad acreditam que a aprovação do pacote já enviado ao Congresso vai ajudar a acalmar os ânimos dos investidores, mas as medidas não serão suficientes para derrubar o dólar.
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