Câmara dos EUA envia ao Senado projeto para evitar paralisação do governo

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Os congressistas da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovaram, nesta sexta-feira (20), um projeto de lei de última hora, com apoio bipartidário, que agora precisa ser ratificado pelo Senado para evitar uma paralisação orçamentária e manter o funcionamento do governo federal.

O pacote, que permitirá que as agências federais continuem operando até meados de março, precisa da aprovação do Senado antes da meia-noite.

O texto foi aprovado na Câmara, controlada pelos republicanos, com o voto de quase todos os democratas.

“Hoje, os democratas mantiveram seu compromisso de colaborar, não de dividir. O povo americano merece um governo que trabalhe para eles”, declarou o legislador democrata Bennie Thompson na rede social X.

Caso os senadores atrasem a votação, o governo deixará de ser financiado a partir da 0h de sábado (02h no horário de Brasília) e serviços não essenciais começarão a ser interrompidos. Cerca de 875 mil funcionários seriam dispensados e outros 1,4 milhão ficariam trabalhando sem salário.

Espera-se que o Senado, liderado pelos democratas, conclua o processo iniciado pela Câmara, embora ainda não esteja claro a rapidez com que isso será feito.

Resolver o financiamento do governo é sempre um desafio, com ambas as casas do Congresso divididas entre as principais forças políticas do país.

O projeto em discussão prevê o financiamento do governo até março e inclui US$ 110 bilhões (R$ 669,46 bilhões, na cotação atual) em ajuda para desastres naturais e agricultores.

É essencialmente o mesmo projeto que foi rejeitado na quinta-feira, mas com a inclusão de uma cláusula que elimina o teto da dívida do país por dois anos, uma das exigências do presidente eleito Donald Trump.

Influência de Musk

O bilionário da tecnologia e poderoso aliado de Trump, Elon Musk, tentou convencer os conservadores a se oporem ao acordo antes da votação na Câmara. “Então, este é um projeto de lei republicano ou democrata?”, perguntou ele no X.

A influência de Musk sobre Trump tem sido alvo de críticas dos democratas, que questionam como um cidadão não eleito pode exercer tanto poder.

Os republicanos também têm se mostrado desconfortáveis com a interferência de Musk, que, junto a Trump, se opôs ao acordo original de financiamento, definido por republicanos e democratas, em uma série de publicações no X.

“Na última vez que verifiquei, Elon Musk não tinha voto no Congresso”, disse o congressista republicano Rich McCormick à CNN.

Por sua vez, Trump declarou em sua rede Truth Social que, “se houver uma paralisação do governo, que comece agora, durante o governo Biden”.

Derrota

Na quinta-feira, o projeto de orçamento apoiado por Trump e Musk fracassou na votação da Câmara.

O vice-presidente eleito J.D. Vance culpou os democratas, alegando que “votaram para fechar o governo” em uma tentativa de frustrar a agenda de Trump, apesar de os republicanos serem maioria.

A falta de aprovação marcou a primeira derrota importante para Trump um mês antes de assumir o cargo.

Por sua vez, o congressista republicano Mike Johnson, presidente da Câmara dos Representantes, enfrentou críticas por sua condução das negociações, e sua posição parece incerta para a reeleição em janeiro.

Johnson foi criticado por subestimar a tolerância de seus correligionários com os custos adicionais do projeto original e por permitir que Musk e Trump o surpreendessem com suas posturas.

© Agence France-Presse

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