PIB brasileiro está acima da linha de tendência e com alguma aceleração na ponta, diz Guillen

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, considerou nesta quinta-feira, 19, que atividade econômica doméstica vem mostrando dinamismo no terceiro trimestre de 2024 e que houve uma nova rodada de revisão para cima das projeções de crescimento. “Vendo para onde vai o PIB, notamos que já está acima da linha de tendência e com alguma aceleração na ponta”, disse durante coletiva de imprensa sobre o Relatório Trimestral de Inflação (RTI).

Ele salientou que os investimentos estão em aceleração no mundo todo e que mostram resiliência mesmo com um grau restritivo de política monetária em diversos países.

O diretor destacou que os componentes mais cíclicos do PIB seguiram com um nível de crescimento forte neste período, com ênfase para a formação bruta de capital fixo.

Ele pontuou que os componentes mais cíclicos, mais sensíveis ao ciclo, seguiram apresentando crescimento forte, com destaque para crédito, transferências e mercado de trabalho, além do consumo das famílias. “O lado da formação bruta de capital fixo vem crescendo em ritmo forte nos últimos trimestres, quando você coloca numa perspectiva mais longa, pensando sobre taxa de investimento em relação a PIB, está mais baixo do que o patamar médio desde 1996”, disse.

Acrescentou ainda que observando o desempenho do quarto trimestre não há sinais claros de uma desaceleração relevante. Foi essa percepção de resiliência que motivou o BC a revisar as projeções do PIB para este ano.

Mercado de trabalho aquecido

O diretor de Política Econômica do Banco Central reiterou que o cenário do mercado de trabalho brasileiro segue aquecido neste ano. “O mercado de trabalho seguiu aquecido nos últimos meses, com a taxa de desocupação no mínimo histórico e geração de empregos em patamar elevado. A geração de empregos formais está rodando em níveis que são acima do que seria compatível com manutenção de desemprego, taxa de participação”, observou.

Segundo ele, apesar das contratações fortes, é observada alguma desaceleração do rendimento. “A desaceleração se dá mais no rendimento real do que no rendimento nominal, sugerindo que você tem algum impacto das surpresas inflacionárias sobre a dinâmica”, disse.

Atividade em 2025 com reflexo do aperto monetário

O diretor do BC observou que, em 2025, a autoridade monetária vê o PIB do setor agropecuário mais forte, com um carrego também maior. Já o crescimento trimestre a trimestre no próximo ano deve ser menor, também considerando um cenário de aperto monetário.

“Olhando para 2025, a gente subiu marginalmente a projeção do PIB, mas com dois lados nessa revisão atuando de formas contrapostas. O mais forte é que a gente aumentou o crescimento da agropecuária, em linha com as previsões de safra. O outro é o aumento no carrego de 2024. Como o crescimento de 2024 vai ser mais forte e o PIB é média contra média, você aumenta mecanicamente o crescimento de 2025”, explicou Guillen.

Já o ponto negativo foi a comparação trimestre a trimestre para 2025 “com cenário de aperto monetário mais intenso e aperto de condições financeiras”.

Estadão Conteúdo

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