Moradores do Lago Norte se unem para preservar área e combater ocupações irregulares

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Preocupados com a ocupação irregular, a degradação ambiental e a poluição no lençol freático da Bacia do Lago Paranoá, os membros da Agremiação Pró-Desenvolvimento às Margens da Estrada Parque Paranoá (EPPR), DF-005, se reuniram, na última terça-feira, com o intuito de agrupar as associações de moradores, condomínios e núcleos rurais da região para valorizar a área e unir forças na luta contra a ocupação irregular das terras.

A reunião teve o objetivo de apresentar a iniciativa para os moradores interessados na promoção do desenvolvimento urbano dentro da lei e da ordem. A Agremiação Pró-EPPR busca o apoio do Governo do Distrito Federal (GDF) e das administrações do Lago Norte e do Paranoá para criar projetos que valorizem a área que inclui principalmente os Trechos 3 a 13 do Setor de Mansões Lago Norte (SMLN); os Núcleos Rurais Córrego Jerivá, Capoeira do Bálsamo, Tamanduá, e etc; os condomínios Porto Seguro, Nosso Lar, e Verde Vida, entre outros; e a Floresta Distrital dos Pinheiros, o Setor de Galpões de Armazenamento, e a Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) do Paranoá Sul.

Segundo Aldo Zagonel, secretário do Conselho Deliberativo da agremiação, a reunião em questão é uma oportunidade de divulgação da iniciativa que, até agora, conta com cerca de 30 participantes que buscam fazer com que o movimento cresça.

A ideia do grupo, que atualmente funciona de modo semi-informal e está organizado em dois conselhos – Deliberativo e Consultivo –, é a valorização e preservação da área verde do Setor de Mansões do Lago Norte (SMLN). A região é também, como Zagonel aponta, um setor histórico que fez parte do Plano Original de Urbanização da Nova Capital, projetado por Lúcio Costa, e que hoje conta com núcleos rurais e condomínios. “Por esse motivo, o movimento quer incluir toda essa comunidade que está dos dois lados da Estrada Parque Paranoá”, salienta.

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Foto: Amanda Karolyne/Jornal de Brasília

Uma das principais preocupações dos moradores da região é a grilagem. São constantes as tentativas de divisão irregular de terras públicas e venda ilegal de lotes no SMLN. A localização privilegiada, próxima ao Lago Paranoá e com grande área verde, é atrativa aos olhos dos criminosos.

O Jornal de Brasília mostrou, de 2022 a 2024, algumas das atuações de grileiros em regiões de proteção ambiental do Lago Norte. Com grandes áreas verdes de preservação, o local pode oferecer vistas únicas do Lago Paranoá e, portanto, é muito visado pela possibilidade de alta valorização. Boa parte dos loteamentos de interesse dos grileiros estão às margens da água.

Esforços e reivindicações  

A agremiação conta, até o momento, com proprietários dos lotes históricos do setor, que compõem os Trechos 7 ao 13. Mas o grupo busca, atualmente, a participação de pessoas dos Trechos 3 ao 6. “Queremos a participação de todo o Setor de Mansões do Lago Norte e mais membros dessas outras comunidades de núcleos rurais, condomínios, trabalhadores e proprietários de galpões de armazenamento e outras atividades comerciais que funcionam nesse setor”, disse Aldo.

Para que as propostas e ideias dos membros da agremiação possam ser realizadas em prol da melhoria do setor, o grupo precisa de parcerias público-privadas. “Nosso objetivo é trabalhar em conjunto com as autoridades para ajudar a custear, por exemplo, a execução das pontes que iriam interligar a Asa Norte e o SMLN”, afirmou.

Ele citou o projeto, que está em discussão há anos, para frisar que os moradores da região têm uma grande dificuldade de acesso tanto pelo Lago Norte quanto pelo Lago Sul. Para Aldo, o ideal seria que as pontes interligassem o bairro diretamente à Asa Norte, próximo à Universidade de Brasília (UnB).

O grupo reivindica que o atendimento de toda a área seja feito pelas mesmas unidades da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) e Civil do DF (PCDF), para que as forças de segurança estejam presentes ao longo de toda a Estrada Parque Paranoá. Também foi proposta a criação de uma sub-administração que possa atender as necessidades das comunidades às margens da Estrada Parque Paranoá, a partir do Trecho 3 do SMLN até a Barragem do Paranoá.

Morador da região, Eduardo Pacheco e Silva Marcondes afirma que, como cidadãos engajados, é importante que os habitantes desses bairros, entre o Paranoá e o Lago Norte, estejam interessados em se unir em prol da comunidade.

Para ele, que é um dos mediadores da reunião do grupo, a agremiação tem um papel importante de juntar a população local para que sejam catalogadas as necessidades e prioridades. “Para requisitarmos junto aos órgãos competentes e para que nossas reivindicações possam ser atendidas”, ressaltou.

Nessa reunião, Eduardo aponta que foi possível notar que algumas quadras do SMLN têm associações próprias. “Provavelmente a partir de agora vamos conseguir agrupar todas em um guarda-chuva que vai representar o grupo perante ao governo”, considerou.

Para Walter Moura, um dos membros da agremiação, a importância dos habitantes do SMLN e outras áreas às margens da EPPR se reunirem está em defender a boa qualidade do serviço público oferecido na região, que pode melhorar nos quesitos de segurança, energia e infraestrutura. “Essa área ficou em um limbo entre o Lago Norte e o Paranoá”, destacou.

Além disso, Walter acredita que os habitantes dessa região estão preocupados em preservar um dos pontos mais bonitos da capital. “Para que a área não tenha uma ocupação desordenada de solo e que não haja um adensamento populacional que torne inviável o tráfego de pessoas”, explicou. Walter frisa que esse núcleo comunitário não está defendendo somente interesses particulares, mas sim, o interesse em nome da preservação ambiental de uma das áreas mais especiais de Brasília.

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