Cultura de trabalho é ruim ou péssima para 14% dos profissionais do Brasil, indica pesquisa

09 07 2020 teletrabalho 6

JULIA CHAIB
WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS)

Uma pesquisa conduzida em 19 países aponta que o Brasil é um dos que figuram com os menores índices de avaliações positivas a respeito do ambiente de trabalho.

O estudo intitulado “The State of Global Workplace Culture” (O estado da cultura de trabalho global), feito pela Society for Human Resources Management (Sociedade para Gestão de Recursos Humanos) entrevistou no total 17.234 adultos empregados entre fevereiro e março deste ano.

No geral, 56% dos entrevistados consideram o ambiente de trabalho bom ou excelente, 26% levemente bom, 10% como levemente ruim e 8%, ruim ou péssimo. No Brasil, a cultura no emprego é avaliada como boa ou excelente por 52% dos trabalhadores, levemente boa por 34%, e ruim ou péssima por 14%. Isso coloca o país na 16ª posição na lista de 19 países, atrás apenas da França, Coreia do Sul e o Japão.

A pesquisa constatou ainda diferença na avaliação por gênero: 55% dos homens brasileiros consideram o ambiente de trabalho bom, contra 49% das mulheres.

A Índia, por sua vez, é o país com a melhor avaliação sobre a cultura do trabalho: 79% dos trabalhadores consideram o ambiente excelente ou bom, seguida pelos Emirados Árabes (69%), Egito (67%) e Arábia Saudita (67%).

Segundo o levantamento, há cinco fatores essenciais para que um ambiente de trabalho seja considerado positivo: gestão honesta e imparcial, comportamento civilizado, trabalho significativo e oportunidades, comunicação aberta e empatia. Esses fatores se sobressaem, por exemplo, à compensação salarial nos empregos.

“Nós olhamos para quais são os fatores ou elementos-chave fundamentais em todas as culturas de trabalho, conforme avaliados por esses funcionários e, de todas as coisas que pesquisamos, realmente elas se concentraram em torno desses cinco conceitos”, diz Alex Alonso, diretor de Dados e Análises da SHRM.

O conceito de empatia, exemplifica Alex, doutor Psicologia Industrial e Organizacional pela Universidade Internacional da Flórida em 2003, foi um dos mais citados e representa algo básico.

“Eles querem saber que você entende quais são seus objetivos de carreira. E eles querem saber que quando cometem um erro, você será uma alavanca chave para ajudá-los a corrigir esse erro e crescer a partir desse erro.”

Na Índia, por exemplo, o fator que chama atenção é que a maioria das pessoas avalia o trabalho como significativo. “Eles têm um projeto em andamento desenhado para gerar 250.000 novos burocratas ou pessoas que liderarão os governos em nível estadual e local”, conta Alonso.

“É uma iniciativa projetado para impulsionar o que é o significado do seu trabalho e treiná-los sobre por que é tão importante que eles se envolvam na construção da infraestrutura civil e que isso não tem nada a ver com ganho financeiro”,

O mesmo fator é o que leva as pessoas a analisarem o ambiente de trabalho no Brasil, na Indonésia e no Egito.

A pesquisa foi conduzida para entender, além dos fatores que impactam uma cultura organizacional, o que faz um trabalhador permanecer na mesma empresa por anos e se sentir motivado.

Entre os 19 países, 57% dos trabalhadores que avaliam a cultura de trabalho como negativa estão ou estarão em breve procurando um novo emprego. Aqueles que não estão, mesmo julgando a cultura dos seus empregos como ruins, relatam terem medo de perder benefícios ou ficar sem trabalho durante uma recessão.

No Brasil, só 8% dos entrevistados que avaliam a cultura do trabalho como boa ou excelente estão procurando por um novo emprego, enquanto 69% dos entrevistados brasileiros em uma cultura de trabalho ruim ou terrível procuram um outro local.

A pesquisa também constatou que o burnout afeta mais de um quarto dos trabalhadores pelo mundo e tem maior prevalência entre os jovens e aqueles que começam a construir uma carreira e estão, por exemplo, há cinco anos na empresa.

O estudo aponta que 30% dos entrevistados afirmam estarem esgotados, dos quais 61% dizem saírem exaustos do trabalho, 52% relatam sacrificar a vida social pelas demandas e 44% julgam como irracional a quantidade de trabalho exigida pelo empregador.

Só 28% desse grupo confiam no gerente direto e 44% avaliam que o chefe mentiria para os funcionários.

A falta de oportunidades de crescimento na carreira também é indicada por 36% dos funcionários com burnout.

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