A corrida do salário mínimo: sempre atrás da inflação!

Imagine a seguinte cena: sois amigos, de smartphones na mão, caminham por aí trocando ideias. Um deles, com olhar surpreso, exclama:
– Você viu que o salário mínimo vai ser R$ 1.926 ao invés de R$ 2.020 em 2030?
O outro, com aquele jeito de quem já desistiu, responde:
– Tanto faz. O preço das coisas sempre aumenta mais que o salário mesmo.

Agora, trazendo a cena para o mundo real, a novela do salário mínimo ganhou um capítulo novo. Na última quarta-feira (27/11/2024), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o reajuste do salário mínimo, daqui pra frente, será mais “comportado”. Traduzindo: o aumento real (aquele que vai além da inflação) será limitado a 2,5%. E por quê? Para frear os gastos do governo com benefícios que dependem do salário mínimo, como aposentadorias e o BPC. A ideia é equilibrar as contas públicas, mas sem deixar de dar ao salário um respiro acima da inflação.

Hoje, o reajuste é uma soma da inflação pelo INPC mais o crescimento do PIB de dois anos atrás. Se o PIB crescer bem, o salário ganha um empurrãozinho maior. Só que com o novo formato, esse “empurrão” vai ter limite: no máximo 2,5%. Isso vale mesmo se o PIB de dois anos antes crescer mais. O governo defende que é para manter o aumento sustentável e dentro do orçamento fiscal.

Mas o trabalhador já sentiu o bolso apertar. Com essa regra, em 2025, o aumento no salário mínimo será menor do que seria pelo sistema atual, uma diferença de cerca de R$ 6 por mês. Pode parecer pouco, mas multiplica isso para quem depende de aposentadoria ou do BPC no ano inteiro e no 13º. O impacto nas contas do governo é grande: serão R$ 2 bilhões a menos de despesas em 2025.

Em resumo, a meta do governo é evitar que o teto das contas públicas fique estourado, mas para isso, o teto do aumento real do salário ficou mais baixo. No fim, o salário sobe, mas o preço da gasolina, do arroz, e da conta de luz correm mais rápido. E aí? Dá pra pegar o celular, olhar pra tela e dizer: “tanto faz”?