Equipe econômica pode voltar a Lula com mais medidas, se necessário, diz Haddad

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que, se for necessário, a equipe econômica poderá apresentar novas medidas de contenção de gastos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para “sintonizar aspirações”. Ele reiterou, no entanto, que as propostas divulgadas terão contenção real de R$ 327 bilhões até 2030.

Ao comentar sobre as críticas do mercado de que houve uma “desidratação” no pacote, Haddad disse que é preciso sopesar os ganhos de médio prazo, que podem ser nulos, e os riscos de aprovação das medidas no Congresso Nacional.

Ele citou, por exemplo, que colocar o programa Pé-de-Meia no orçamento pode ter impacto maior do que desvinculação, por exemplo. “Foi feita essa consideração sobre cada ponto que está aqui. E na verdade, todo mundo cedeu às evidências. Ninguém aqui é teimoso de se negar a enxergar dados”, disse.

Haddad avaliou que a Junta de Execução Orçamentária (JEO) nunca esteve tão sintonizada para atender a necessidade de reforçar o arcabouço fiscal quanto nos últimos dois meses. “Eu estou dando testemunho de que nos últimos dois meses esses ministros estiveram debruçados sobre o tema com convicção de que tínhamos que apresentar o que estamos apresentando hoje”, afirmou.

Pronunciamento

O ministro da Fazenda disse também que fez o pronunciamento em rede de rádio e TV para anunciar as medidas fiscais a pedido do presidente Lula, e rebateu as críticas de que teria usado mais tempo na declaração para falar da reforma do imposto de renda, e não das iniciativas de contenção de gastos.

“Se fizer minutagem, vai ver que na parte final menciono a questão da renda, foram 30 segundos. É o primeiro pronunciamento que faço e foi a pedido de Lula. Jamais teria iniciativa de fazer isso porque não é protocolar fazer sem que presidente peça”, comentou Haddad, ao ser questionado se havia alguma pretensão política no pano de fundo do pronunciamento.

Para o ministro, o pronunciamento foi “oportuno” porque preparou as divulgações de hoje, tendo sido requisitado por Lula por envolver temas complexos.

“E nosso objetivo é esclarecer. Eu tento ser o mais discreto possível, procuro atender na medida de necessidade de esclarecimento, quando há ruído problema de comunicação. Não sou pessoa que está buscando outra coisa senão crescer com responsabilidade”, afirmou Haddad.

Mercado financeiro

O ministro da Fazenda ainda disse que o mercado financeiro precisa fazer uma releitura do trabalho que o governo tem feito. Segundo ele, os agentes não acertaram nem os termos de crescimento do País e nem o resultado primário fiscal.

Ele reforçou que o presidente Lula nunca “vacilou” em atender a equipe econômica, apesar de não ser fácil o trabalho em um País que precisa de “tanta coisa”.

Haddad reforçou que o pacto do governo é perseguir o compromisso de responsabilidade sem tirar proteção de quem precisa.

Ele disse ainda que sairia muito frustrado se passasse pelo ministério sem promover uma reforma da renda.

Galípolo

O ministro da Fazenda evitou nesta quinta-feira, 28, comentar sobre a participação do diretor de política monetária e futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, nas reuniões com o presidente Lula para tratar do pacote de redução de despesas. “O BC é autônomo, não posso falar pelo BC”, disse, acrescentando que, na realidade, o chefe do Executivo quis ouvir todos os lados possíveis para tomar sua decisão final sobre as medidas.

“Lula dialoga com todo mundo, não apenas com o mercado”, disse o ministro, em relação à reação negativa dos ativos financeiros desde ontem quando se soube que, junto com o pacote de gastos, o governo também tinha a intenção de ampliar o número de contribuintes que não pagarão imposto de renda, com um limite de receitas de R$ 5 mil.

Haddad garantiu que todo o pacote foi discutido com os ministros e que todos foram ouvidos. Ele salientou que a reforma da renda seria mandada ao Congresso Nacional até por determinação constitucional e lembrou que este foi um compromisso de campanha de Lula e de “outros candidatos”. “O tema da reforma da renda está pautado desde 2018, ao menos”, frisou, explicando que a determinação foi a de tomar todas as decisões este ano para que sejam processadas em 2024 e 2025.

Estadão conteúdo

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