Virtualização

Até agora, o processo de virtualização de tudo estava limitado por questões tecnológicasImagem criada por IA

“A necessidade é a mãe da invenção” – Platão

Poucas atividades conseguem ser tão desafiadoras e incertas quanto a tentativa de prever o futuro. Este artigo é minha – não tão humilde – tentativa de avaliar como os negócios e empresas mudarão nos próximos 20 anos. 

Até 2006, quando a Amazon começou a comercializar a computação em nuvem, o termo era conhecido apenas por especialistas em tecnologia. Empresas como bancos, seguradoras, companhias aéreas, entre muitas outras, mantinham (e muitas ainda mantêm) enormes departamentos de TI, com orçamentos elevados, abrigando salas repletas de computadores, sistemas de refrigeração, conexões dedicadas à internet e administradores de sistemas responsáveis pela manutenção do hardware, do software e dos sistemas operacionais.

Hoje, quase 20 anos depois, é difícil imaginar uma empresa nova que deseje recriar o modelo tradicional de TI. Mas por que isso ocorre? Identifico várias razões, entre as quais se destacam: 

Escalabilidade e Elasticidade: No passado, para atender à demanda durante eventos como a Black Friday e as promoções de Natal, as empresas precisavam investir em uma infraestrutura de TI que permanecia 90% ociosa durante o restante do ano, apenas para não perder vendas nessas datas específicas. A possibilidade de transferir despesas de capital (Capex) para despesas operacionais (Opex), adotando um modelo de pagamento por uso que permite escalar a quantidade de processadores, memória e outros recursos apenas quando necessário, melhora significativamente a eficiência empresarial.

Além disso, problemas relacionados à performance podem ser facilmente resolvidos  por meio de configurações remotas, o que proporciona uma melhor experiência ao usuário com menor risco. Em termos de robustez, é possível proteger-se contra ciberataques, apagões e falhas do sistema utilizando sistemas de alta disponibilidade (high availability). Quanto à resiliência, o sistema tem a capacidade de se recuperar rapidamente de problemas.

Embora todas essas funções pudessem ser realizadas por equipes internas de TI, o ponto crucial é que  não eram  atividades principais (core business) para a maioria das empresas. Por outro lado, essas tarefas são o foco central das empresas de computação em nuvem, que podem executá-las com maior qualidade, aproveitando economias de escala, atraindo os melhores talentos do mercado e adquirindo os melhores produtos de hardware e software.

E o que isto tem a ver com o futuro dos negócios? Acredito que esta migração de TIs internas para sistemas de nuvem, ou seja, de virtualização, seja uma transformação muito maior,  que aponta para todos os ramos da sociedade. Elasticidade, a conversão de Capex para Opex, performance, robustez, resiliência, a luta para minimizar a ociosidade de recursos e, acima de tudo, o foco no core business são necessidades essenciais para empresas de todos os tamanhos em praticamente todos os setores.

Vamos mudar a perspectiva: em vez de “Processamento”, “Memória”, “Banda” ou “Funcionários de TI”, pense nesses elementos como recursos flexíveis. Imagine empresas que ainda compram veículos para transportar seus produtos, mantêm galpões para armazená-los, e contratam funcionários para logística. Agora pense em tudo isso como um serviço sob demanda, como um “Uber” de recursos disponíveis que são alocados para sua empresa apenas quando necessário, com mais flexibilidade e opções de filtragem.

Até agora, o processo de virtualização de tudo estava limitado por questões tecnológicas. É muito diferente encontrar um carro disponível para levá-lo do ponto A ao ponto B do que, por exemplo, localizar um motorista de confiança para transportar cargas milionárias, materiais inflamáveis, ou até mesmo um especialista em canais e franquias especializado em material de construção.

Com a viabilidade da inteligência artificial, que é capaz de analisar o histórico de um recurso — como um funcionário — e seus milhares de atributos (Ex. proficiência linguística, inteligência emocional) para realizar um match preciso com o desafio em questão, conseguimos efetuar uma alocação ótima de recursos, que antes era apenas teórica e hoje é uma realidade.

Imagine transformar praticamente todos os custos fixos da empresa em  variáveis, com todos recursos elásticos e disponíveis sob demanda. Alguns podem pensar que isso já existe por meio do outsourcing, mas não estamos falando da mesma coisa. Permita-me explicar. 

A relação tradicional entre um fornecedor e seu cliente pode melhorar vários aspectos do negócio, mas ainda não é virtualizada. Por exemplo, se você precisa de um advogado especializado em seguro de saúde e o escritório com quem trabalha não o possui, cabe a você definir os atributos necessários—sobre um assunto que talvez não domine—pesquisar na internet, entrevistar os candidatos, solicitar, avaliar, comparar propostas e decidir- o resultado será suficiente, mas está longe de ser excepcional ou ótimo.

Agora imagine que a inteligência artificial já tem a resposta pronta para você. Ela  pode analisar milhares de variáveis sobre o seu negócio e  todos os profissionais disponíveis em sua cidade, estado, país ou até mesmo no planeta, realizando um match preciso em tempo real. 

A IA ainda é capaz de verificar a disponibilidade do especialista, preparar o escopo do serviço, negociar o preço em seu nome, redigir e assinar o contrato, medir os resultados,  solicitar esclarecimentos quando necessário apresentando tudo de forma clara, além de tomar ações com base em sua escolha. Essa automação e otimização do processo permite uma alocação de recursos tão eficiente que faria Tony Stark aposentar o J.A.R.V.I.S.

Para que isso aconteça, é necessário que os recursos do mundo real tenham seus gêmeos digitais. Não se trata apenas de uma tendência ou de uma mera visão do futuro, mas possivelmente de uma das maiores oportunidades de negócios de nossa geração.

Venha saber mais, esta semana, no Horasis Global Meeting em Vitória, Brasil.

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