Após ataque de cães em Maceió, especialista alerta sobre a criação e adestramento de raças de perfil forte


Lucas Brito orienta tutores e esclarece que a criação responsável é fundamental para evitar incidentes, especialmente com cães de grande porte. Cães atacam e matam gatos na porta de escola em Maceió
Arquivo pessoal
O recente ataque de dois cães da raça bull terrier a um gato, em Maceió, ganhou repercussão e trouxe à tona questões importantes sobre a criação e o manejo de raças consideradas de perfil forte. A Polícia Civil abriu inquérito para investigar possíveis maus tratos por parte do tutor aos animais e responsabilidade sobre o ataque.
O homem se apresentou espontaneamente na delegacia e disse que os animais moram em um sítio e que fogem com frequência, o que gerou debates sobre responsabilidade e medidas preventivas para evitar tragédias.
O g1 ouviu o adestrador e especialista em comportamento animal, Lucas Brito, que explicou as características da raça e a necessidade de adestramento e cuidados especiais com cães de grande porte.
O bull terrier, como explica Lucas, foi desenvolvido a partir do cruzamento entre bulldogs e terriers, originalmente para combates. Embora hoje muitos desses cães sejam criados como pets e companheiros, a raça ainda carrega características genéticas que exigem atenção.
“Ele é muito forte, resistente e tem uma energia que precisa ser bem canalizada. Apesar de todos os cães poderem atacar, o bull terrier tem uma predisposição maior devido à sua origem genética”, afirma o adestrador.
Apesar dessa característica, o cão que foi recolhido pela polícia, apresentou um comportamento dócil na sede do Grupo de Pesquisa e Extensão de Equídeos e Saúde Integrativa (Grupequi/Ufal). Ele apresentava seis perfurações de faca, feitas antes do ataque ao gato: testemunhas disseram que ele e a cadela já chegaram machucados e sangrando muito na porta da escola. O animal passou por procedimento cirúrgico e se recupera bem dos ferimentos a faca, que foram suturados. Ele também passou pelo procedimento de castração.
A cadela continua desaparecida. Quem tiver informações sobre o paradeiro dela, pode ligar para o número da Delegacia de Proteção animal, o 82 9934-9183 ou mandar e-mail para [email protected]
Cachorro recebeu atendimento dos veterinários
Grupequi/ UFAL
Criação responsável pode mudar comportamento do animal
Lucas esclarece que a criação responsável é fundamental para evitar incidentes, especialmente com cães de grande porte.
“Se o tutor deseja que o cão seja sociável, precisa começar o processo de socialização desde filhote. É necessário apresentar pessoas, crianças, outros animais e diferentes ambientes para reduzir o risco de comportamento agressivo no futuro. Sem essa socialização, qualquer coisa – adultos, crianças, outros cães ou gatos – pode estar na mira de um ataque”, alerta.
O especialista reforça que cães de raças de perfil forte, como bull terrier, pit bull e rottweiler, devem ser criados por tutores experientes ou com o acompanhamento de um profissional.
“Esses cães não são indicados para pessoas sem conhecimento prévio. Eles precisam de uma criação firme, com limites claros, sem excessos de mimo, que podem levar a comportamentos inadequados. Contratar um profissional para orientar desde a infância do cão é indispensável para garantir a segurança e o equilíbrio do animal”, destaca.
Além disso, Lucas enfatiza que o adestramento é indispensável para raças de grande porte, não apenas para ensinar comandos básicos, mas para prevenir situações de risco. “Pelo potencial de ataque e pela força que possuem, esses cães precisam de adestramento. É uma questão de responsabilidade. O profissional saberá como guiar o tutor desde o início, tornando o cão sociável e equilibrado, reduzindo drasticamente o risco de acidentes.”
Sobre o manejo em passeios, Lucas recomenda o uso de instrumentos adequados, como guias unificadas e focinheiras, para garantir a segurança tanto do tutor quanto de outras pessoas e animais. “Mesmo cães bem socializados podem agir por instinto em determinadas situações. Equipamentos de segurança não são apenas uma proteção, mas também oferecem tranquilidade ao tutor e aos outros ao redor”, orienta.
O caso dos bull terriers em Maceió serve como alerta para a responsabilidade que envolve a posse de cães de raças fortes. “Esses cães podem ser ótimos companheiros, mas exigem um comprometimento acima da média de seus tutores. É dever de quem escolhe ter um animal como esses zelar por sua boa convivência com a sociedade”, conclui Lucas Brito.
Luvas Brito é especialista em comportamento animal
Arquivo pessoal
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