Participantes de marcha do Dia da Consciência Negra encontram boneco preto amarrado pelo pescoço em São Carlos


Objeto que foi interpretado como um ato racista esta próximo ao trajeto feito na passeata. Boneco preto enforcado é colocado em placa em São Carlos no Dia da Consciência Negra
Participantes da marcha pela conscientização da memória negra se depararam com um boneco feito com um pano preto amarrado por uma corda no pescoço, em uma placa de trânsito, no centro de São Carlos (SP), na manhã desta quarta-feira (20). A passeata estava sendo realizada em comemoração ao Dia da Consciência Negra.
O boneco estava em uma placa na esquina das ruas São Joaquim e São Sebastião. O símbolo de violência não é novidade para as pessoas que participam da marcha, mas apenas uma das muitas manifestações de preconceito que elas enfrentam todos os dias.
“É só uma forma da branquitude racista querer lembrar que a gente nao é bem-vindo. A gente passa por isso todos os dias, as vezes de formas sutis, outras de forma mais explícita, mas nós deixamos claro que não toleraremos nenhum tipo de ato racista, não toleraremos nenhum tipo de situação e atitude que tente manchar ou menosprezar o poder que nós temos e a grande atitude que nós fizemos hoje ocupando a Avenida São Carlos que é a principal avenida da cidade. Esse ato ele foi criado, eu acredito, para desestabilizar a gente porque foi muito próximo da onde nós estavamos, mas muito pelo contrário, ele deu força para mostrar que nós estamos aqui combatendo o racismo todos os dias”, afirmou a organizadora da marcha, Vanessa Nunes.
Boneco preso pelo pescoço foi amarrado pelos pescoço em placa de São Carlos
Reprodução EPTV
A Polícia Militar foi chamada e esteve no local e orientou que os manifestantes procurassem a delegacia para fazer um boletim de ocorrência. Até a publicação dessa reportagem, o B.O. não havia sido registrado.
Marcha
A marcha pela conscientização da memória negra foi iniciada por volta das 8h, no atual Centro Afro, na Conde do Pinhal, passou pelo antigo Centro Afro, que passa por reformas, seguiu por algumas praças do centro da cidade, passou em frente à Câmara Municipal que terá, a partir de janeiro, a primeira vereadora negra eleita na cidade, e terminou em frente ao Clube Recreativo no Flor de Maio, criado pelos negros de São Carlos em 1928, época em que não podiam frequentar os mesmos espaços que os brancos e que se tornou um local de resistência da cultura negra.
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