A Colômbia corre o risco de um “iminente desabastecimento energético”, resultante da decisão do governo de frear novos contratos de exploração de hidrocarbonetos, anunciada, nesta terça-feira (19), um estudo da Controladoria Geral, entidade que supervisiona as finanças públicas.
O estudo, enviado pela Controladoria ao Ministério de Minas, alerta para “os riscos iminentes de perda de recursos públicos” devido ao aumento de alternativas de produção energética, que fazem “prever um iminente desabastecimento energético”.
O governo do presidente Gustavo Petro deteve, no fim de 2023, a assinatura de novas concessões para explorar petróleo, carvão e gás, e busca que a estatal Ecopetrol se torne uma empresa de fontes renováveis como parte de sua estratégia para a transição energética no país.
“Com a capacidade de produção de energia elétrica, que na Colômbia é de cerca de 245GWh/dia, e uma demanda que às vezes chega aos 240GWh diários, estamos em uma estreiteza absoluta”, assinalou o controlador-delegado, Germán Castro, à BluRadio .
“Temos gás para hoje e de repente para este resto de ano, mas para o ano que vem (…), diante de qualquer falha de infraestrutura ou aumento da procura, não vamos ter com o que supri-la”, acrescentou.
Para a Controladoria, a decisão do Executivo impede a geração de receita pública com impostos e benefícios equivalentes em cerca de 2 bilhões de dólares (R$ 11,5 bilhões, na cotação atual) ao ano para “sustentar investimentos sociais”.
Também menciona os riscos associados à afetação do PIB pela falta de investimentos estrangeiros, o encarecimento de combustíveis diante de uma eventual importação e a consequente ativação de recursos públicos adicionais para subsidiar tarifas energéticas.
A entidade antecipou possíveis “racionamentos futuros”, enquanto o país se recupera de uma sepultura seca.
O estudo coincide com alertas semelhantes de oposição e é divulgado quase dois meses depois de a Petrobras anunciar a descoberta de 6 terapés cúbicos de gás natural no Caribe colombiano, que dobraram as reservas do país.
A Presidência anunciou que em dez meses a Ecopetrol terá a sua própria regaseificadora, “reduzindo a dependência de importações e estabilizando o preço interno”.
Na segunda-feira, a Petro negou no X a existência de um “desastre” no sistema energético e anunciou a retomada da exportação de energia elétrica para o Equador que, segundo a Controladoria, representa apenas 4% da produção nacional.
No mês passado, a Petro apresentou um plano para captar investimentos da ordem de US$ 40 milhões (aproximadamente R$ 226,6 bilhões, na cotação da época), destinado à transição energética.
A Colômbia tem reservas comprovadas de hidrocarbonetos para 6,5 anos. O setor representa mais da metade das exportações do país.
© Agence France-Presse