“Solução deve ser coletiva”, diz geólogo sobre assoreamento

Nas últimas semanas, um assoreamento foi observado na foz do Rio Araranguá. Imagens recentes mostram que a areia está invadindo a área onde antes passava o leito do rio. Para facilitar o escoamento de água durante as fortes chuvas, um canal auxiliar foi aberto.

O geólogo Sérgio Cardoso, vice-presidente da ONG Sócios da Natureza e integrante da Plenária do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Araranguá, explicou a mudança na foz desde 1937. Segundo ele, “a areia (mineral quartzo) que chega à foz do Rio Araranguá é um dos minerais mais resistentes, encontrado em várias rochas”.

Alteração no local da foz

Cardoso destacou que as intervenções humanas e as causas naturais, como o excesso de chuvas e mudanças climáticas, afetam a hidrodinâmica da foz do rio. Ele mencionou que, em 1937, a foz do Rio Araranguá já se localizava no município de Balneário Rincão, atualmente Barra Velha.

A Bacia Hidrográfica do Rio Araranguá, com 3.089 km², drena parte ou a totalidade de 16 municípios. Cardoso enfatizou que intervenções inadequadas nas áreas urbanas ou no manejo do solo podem aumentar a sedimentação na foz do rio.

Transporte de sedimentos é um fenômeno natural

“O transporte de sedimentos é um fenômeno natural, assim como o assoreamento, quando não provocado por ações humanas sem avaliação de impacto”, afirmou. Os sedimentos refletem a erosão das rochas ao longo do percurso do rio, com predominância de areia (quartzo).

Intervenções sem embasamento técnico prejudicam?

Cardoso alertou que intervenções sem embasamento técnico podem prejudicar as belezas naturais do Morro dos Conventos. “As areias brancas e suas dinâmicas de mobilidade, causadas pelos ventos e marés, regulam a foz do Rio Araranguá.”

Ele também destacou a importância da preservação da Área de Preservação Permanente (APP) e o papel que as margens dos rios desempenham em retardar o fluxo da água, protegendo contra erosões e assoreamentos.

A solução para o assoreamento

“A solução para o assoreamento deve ser coletiva, com o envolvimento do Comitê de Bacia Hidrográfica”. Cardoso criticou as ações individuais irresponsáveis dos municípios, que muitas vezes ignoram os impactos em vizinhos.

O geólogo acredita que os estudos realizados indicam que essa intervenção não melhora a macro-drenagem de Araranguá. Ele defendeu um movimento de “barra livre”, onde os recursos públicos não sejam desperdiçados em intervenções sem fundamentos técnicos.

“É necessário reconhecer que as mudanças climáticas afetam a foz do Rio Araranguá. Todos os gestores e a população devem estar cientes, pois não existe um Planeta B”, finalizou Cardoso.

Imagem da foz do Rio Araranguá mostrando acúmulo de areia e mudanças na área do assoreamento

Foto: Divulgação / Almir Honorato

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