Lobista sob suspeita no STJ é alvo de operação contra venda de sentenças em MS

JOSÉ MARQUES E FABIO SERAPIÃO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

Um dos alvos da operação que afastou cinco desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul nesta quinta-feira (24), o empresário Andreson de Oliveira Gonçalves é um dos principais envolvidos nas suspeitas relacionadas à venda de decisões judiciais em gabinetes do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Essas suspeitas estão sendo investigadas pela Polícia Federal em inquérito que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal). Conforme revelado pela revista Veja, Andreson era interlocutor do advogado de Mato Grosso Roberto Zampieri, assassinado em dezembro do ano passado.

As conversas que estavam no celular de Zampieri apontaram relações suspeitas do advogado com magistrados e fundamentaram o afastamento de dois desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso.

Andreson era a conexão de Zampieri com tribunais de Brasília, segundo as investigações, e negociava decisões em gabinetes do STJ.

Na investigação sobre o TJ-MS, o empresário é relacionado a suspeitas sobre o desembargador Marcos José de Brito Rodrigues.

Segundo dados obtidos pela PF na nuvem do celular do magistrado, o desembargador trocava mensagens ao menos desde 2018 com o empresário, “demonstrando que possuem contato atual e aparentemente muito próximo”.

Em mensagens, Andreson pedia informações ao desembargador e ao seu gabinete, e foi encontrada a atuação do magistrado em processo relacionado aos seus pedidos.

“Considerando que Andreson envia os extratos dos processos a Marcos Brito e que ele proferiu decisão em pelo menos um processo relacionado a eles, somado à proximidade entre eles e demais elementos que serão expostos (…) entendemos haver fortes indícios de que tal desembargador estivesse recebendo propina de Andreson”, diz a polícia.

O desembargador e o empresário também trocavam informações sobre processos que tramitavam no CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

Andreson foi alvo de busca e apreensão em seus endereços em Brasília e Cuiabá e de quebra de sigilo bancário e fiscal.

A reportagem não localizou a defesa de Andreson e do desembargador. Em nota, o TJ-MS diz que tem ciência sobre operação deflagrada nas dependências da corte.

“Até o presente momento, o TJ-MS não teve acesso aos autos e ao inteiro teor da decisão que motivou a ação. Em virtude disso, não dispomos de subsídios suficientes para emitir qualquer declaração ou posicionamento sobre os fatos”, diz o órgão, em nota.

“Reiteramos nosso compromisso com a transparência e a legalidade.”

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