Parlamentares acusam governo de ‘asfixia econômica’ com alternativas à alta do IOF

DIEGO FELIX
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Uma coalização de 19 frentes parlamentares que defendem interesses do setor produtivo no Congresso Nacional se uniu nesta segunda (9) para frear a nova tentativa do governo Lula de compensar o recuo no aumento do IOF (imposto sobre operações financeiras) criando novas alíquotas em outras operações do sistema econômico brasileiro.

Para o grupo, as ações apresentadas pelo Palácio do Planalto “aprofundam a asfixia econômica”, comprometendo a capacidade de investimentos e geração de empregos.

O grupo afirma que o setor produtivo está exaurido diante do crescimento da carga tributária sem que o Estado se modernize e reduza custos. Para os deputados e senadores, as propostas do governo Lula para o aumento na arrecadação são motivadas por uma “lógica perversa” que desestimula a iniciativa privada e empurra a economia para a informalidade.

Neste domingo (8), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou a líderes partidários uma série de propostas que redesenham o aumento das alíquotas do IOF no país.

O pacote inclui a padronização tributária de instituições financeiras, a cobrança de 5% no Imposto de Renda em títulos atualmente isentos, como as LCAs (Letras de Crédito Agrícola) e LCIs (Letras de Crédito Imobiliário), e o aumento na taxação das apostas esportivas feitas em bets, de 12% para 18%.

O grupo afirma que a proposta inicial de elevação do IOF já era inaceitável pois previa a arrecadação de bilhões às custas do cidadão e das empresas. O redesenho proposto por Haddad, na opinião das frentes parlamentares, é uma manobra para disfarçar a escalada tributária.

“O acordo que emergiu das negociações com o Executivo, e que contou com a anuência das lideranças partidárias do Congresso Nacional, longe de representar um avanço em direção à responsabilidade fiscal, é um atestado da persistência de uma lógica equivocada: a de que o problema fiscal se resolve com mais tributos, e não com a redução do tamanho e do custo da máquina pública”, afirma a coalizão em texto divulgado nesta segunda.

Sobre o fim das isenções em letras de crédito, a coalização afirma que os pequenos e médios investidores, que buscam alternativas de renda fixa para protegerem suas economias, serão diretamente afetados. O fim das isenções de IR, diz o grupo, desincentiva o financiamento do agronegócio e a construção civil.

A padronização de tributos nos bancos mira, especialmente, fintechs que hoje pagam alíquotas menores sobre a operação. Para a coalizão das frentes parlamentares, o efeito imediato será a redução da oferta e o custo do crédito para empresas e consumidores.

O governo também avalia mudanças na alíquota de JCP (juros sobre capital próprio), o que pode encarecer o capital próprio de investimento das empresas e afetar a competitividade no cenário global.

A equipe econômica ainda não bateu martelo sobre o assunto e, segundo Haddad, as propostas serão debatidas com Lula nesta terça-feira (10).

“O setor produtivo não aguenta mais. Não podemos continuar a ser a fonte inesgotável para cobrir a ineficiência e o gigantismo do Estado. A verdadeira solução para o desequilíbrio fiscal não reside em arrancar mais recursos da sociedade, mas sim em uma reforma profunda e corajosa do Estado brasileiro, focada na gestão eficiente dos recursos públicos e na eliminação de desperdícios”, afirma o texto.

O grupo exige quatro pontos imediatos de revisão da política econômica do governo Lula, como o fim da política de aumento de impostos, a redução dos gastos públicos, uma reforma administrativa e a implementação de iniciativas que melhores a eficiência e desburocratização do Estado.

“O momento exige coragem para cortar na própria carne, e não para espremer ainda mais o contribuinte.”

Assinam o manifesto 19 frentes parlamentares:

– Frente Parlamentar da Agropecuária
– Frente Parlamentar de Comércio e Serviços
– Frente Parlamentar do Livre Mercado
– Frente Parlamentar do Empreendedorismo
– Frente Parlamentar Mista do Biodiesel
– Frente Parlamentar Pelo Brasil Competitivo
– Frente Parlamentar de Gestão de Resíduos e Economia Circular
– Frente Parlamentar Mista em Defesa do Turismo
– Frente Parlamentar da Habitação e do Desenvolvimento Urbano Sustentável
– Frente Parlamentar Pela Mulher Empreendedora Frente Parlamentar em Defesa da Aviação Civil
– Frente Parlamentar em Defesa da Cultura e Entretenimento
– Frente Parlamentar de Portos e Aeroportos
– Frente Parlamentar Mista em Defesa do Saneamento Básico
– Frente Parlamentar da Indústria de Máquinas e Equipamentos
– Frente Parlamentar do Cooperativismo
– Frente Parlamentar Mista da Saúde
– Frente Parlamentar Mista de Logística e Infraestrutura
– Frente Parlamentar da Mineração Sustentável

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