Crise em Los Angeles: o que se sabe sobre os protestos?

Carros da polícia incendiados em Los AngelesReprodução/X

A cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos, vive dias de tensão desde o início de junho, quando uma operação do Serviço de Imigração (ICE) e Alfândega resultou na prisão de pelo menos 118 imigrantes sem documentação.

A ação federal, que utilizou veículos descaracterizados e táticas típicas de intervenções militares, desencadeou uma série de protestos que rapidamente se espalharam pela cidade e regiões vizinhas.

A indignação popular se materializou em milhares de pessoas ocupando o centro de Los Angeles, com foco nas imediações da Freeway 101. Edifícios públicos foram pichados, carros – incluindo os da empresa Waymo, que operam táxis autônomos – foram incendiados e o tráfego ficou completamente paralisado em alguns trechos.

Em resposta, a polícia declarou diversas manifestações como “reuniões ilegais”, o que resultou na prisão de pelo menos 40 pessoas. Manifestantes e agentes se feriram durante os confrontos, ainda que de forma leve, segundo autoridades locais.

A escalada dos atos motivou uma resposta direta da Casa Branca: o envio de 2.000 soldados da Guarda Nacional para Los Angeles e a mobilização de outros 500 fuzileiros navais. A decisão do presidente Trump provocou forte reação de autoridades estaduais e municipais. Tanto o governador da Califórnia quanto o prefeito de Los Angeles afirmam não ter solicitado ajuda federal, o que pode configurar uma disputa institucional entre diferentes esferas de governo.

Protestos pacíficos e violência entrelaçados

Apesar de muitos atos ocorrerem de forma pacífica, vandalismo e violência foram registrados. Há relatos do uso de coquetéis molotov, fogos de artifício e depredação de bens públicos. A repressão policial também ganhou destaque, com uso de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Um dos episódios mais graves foi o ferimento de uma jornalista australiana durante a cobertura dos eventos.

A jornalista Lauren Tomasi, do canal 9News da Austrália, foi atingida por um disparo efetuado por um policial enquanto fazia uma reportagem ao vivo sobre protestos. As imagens captadas por seu cinegrafista mostram o momento exato no qual Tomasi estava de costas para a linha policial, em atitude claramente não ameaçadora, quando um agente efetuou o disparo, atingindo-a na perna. A equipe não avançava em direção aos policiais e mantinha distância segura do conflito.

Comparações históricas e clima de incerteza

Autoridades locais traçam paralelos com os distúrbios de 1992 – os famosos LA riots –, mas observam que a escala de violência ainda é menor. No entanto, o clima permanece instável. Grupos de ativistas prometem manter as manifestações até que o governo cesse as prisões com base em status migratório e retire os militares das ruas.

Especialistas apontam que a ausência de solicitação formal por parte do governo estadual pode alimentar ações judiciais sobre a constitucionalidade da presença federal na cidade. Lideranças locais falam em “intervenção indevida” e acusam o governo de usar força militar para silenciar protestos legítimos.

Pressão global e diplomacia

A ONU pediu pela contenção do conflito e alertou contra a escalada militar. A Embaixada da Austrália questionou os ferimentos de jornalistas, denunciando violações à liberdade de imprensa . Além disso, governos internacionais analisam o caso como um sinal preocupante de intervenção militar em protestos civis.

Olhar internacional sob os conflitos

A situação em Los Angeles passou a ser acompanhada de perto por observadores internacionais, sobretudo após a repressão à imprensa. Além das críticas diplomáticas, entidades de direitos civis pressionam por transparência sobre os detidos.

Por ora, a cidade continua em estado de alerta, com bloqueios no trânsito, policiamento intensificado e a expectativa de novos atos. 

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