
Na semana passada ocupei o nobre espaço deste matutino para falar sobre pessoas que estão envelhecendo bem; e a idade é apenas mais um número, como tantos outros que fazem parte da vida. Com o título “Envelhecer é inevitável, ficar velho é opcional”, falei de pessoas que aos 60, 70, 80 anos que estão cheias de vida, com projetos, planos, fechando ciclos, iniciando outros. Seguindo em frente, aprendendo, descobrindo, inventando, se reiventando. Os que tiveram a coragem de sair de sua zona de conforto, e mudaram a rota: plenos, confiantes.
A jornalista Sandra Coutinho, radicada em NY, me enviou mensagem, dizendo: “Excelente. É isso aí. Comecei um novo hábito – a corrida. E aí de quem me disser que passei da idade. Já fiz uma prova de 5km e agora quero tentar 10k. Vamos em frente”. Ponto para Sandra, avante!
O amigo Antônio Carlos, baiano de nascimento, cosmopolita por opção, escreveu: “Parabéns! O tema não é novo, mas muito bom rever o tema sob uma bem elaborada argumentação e testemunho pessoal. Sobre felicidade, Cortella diz que ela não existe como estado permanente (uma pessoa que tá feliz não fica feliz quando perde um ente querido, mas se recupera depois do luto). Acho que sempre me senti ageless, mudei de carreira, de estado civil, de cidade/estado, sempre viajando. Sou espírita e a banda “O Rappa” canta que “pra quem tem fé, a vida nunca tem fim”. Show, AC.
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Hildebrando Valadares, sessentão de Feira de Santana, me enviou mensagem, feliz da vida, de um cruzeiro pela Europa, exortando as delícias da solteirice inveterada. Terminou o relacionamento de 22 anos e caiu no mundo: livre, leve e solto.
“Muitas boas coisas podemos fazer na maturidade, que na juventude não conseguíamos. Faltava-nos disponibilidade, faltavam-nos experiência e liberdade, faltava-nos visão. Estávamos ocupados demais, tensos demais, divididos demais. Se não houver nada imediato para “fazer”, pois geralmente tomamos isso como agir, agitar, correr, inventaremos algo.” – Lya Luft
Envelhecer não é para os fracos. É preciso coragem para olhar no espelho e reconhecer que a juventude se foi, mas junto com ela, partiram também a pressa, a insegurança e a obsessão por agradar. Você aprende a caminhar mais devagar, sim… mas com passos mais firmes. Aprende a dizer “adeus” sem medo e a valorizar com alma quem escolhe ficar.
Envelhecer é uma arte silenciosa: é deixar ir o que pesa, é aceitar o que é, é descobrir que a verdadeira beleza nunca morou na pele — mas nas histórias que carregamos no peito, nos olhos, na memória. Bem-aventurados os que têm memórias de coisas boas, que alimentam o dia-a-dia, pavimentando o futuro. Todos que chegaram até aqui com vitalidade, sabem que o amanhã acontece melhor quando se prepara o hoje. Ou seja, se prepararam ontem para viver o hoje. Tudo na vida é construção.
Claro que o desconhecido as vezes assusta, mas como saber se é melhor se não testar ou tentar?
Somos o resultado de todas as vezes em que não nos permitimos desistir. Sempre seguindo em frente, persistente; as vezes sem olhar para trás.
Se puder lhe dar um conselho, caro leitor, amiga leitora: se não conseguir realizar seus sonhos, não os jogue fora e nem desista deles. Guarde-os num compartimento secreto. De vez em quando visite-os, tire o pó, regue, adube, afague e quando menos esperar eles estarão prontos para se tornarem realidade. Não importa o tempo que passar, em algum momento eles florescerão. Tenha fé. Assim é a vida.
Luiz Thadeu Nunes e Silva
Escritor e globetrotter. Autor do livro “Das muletas fiz asas”
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O post “Para quem tem fé a vida nunca tem fim” apareceu primeiro em Folha BV.