JBS anuncia dupla listagem de ações, em Wall Street e São Paulo

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Os acionistas minoritários da JBS, a maior produtora de carne do mundo, aprovaram nesta sexta-feira (23) a dupla listagem de ações nas bolsas de Nova York e São Paulo, um plano criticado por ambientalistas e políticos americanos que acusam a empresa de más práticas ambientais.

A aprovação da proposta, que foi tornada pública em 2023, abre caminho para que as ações de uma das maiores empresas de alimentos do mundo comecem a ser negociadas em Wall Street a partir de 12 de junho, segundo o cronograma publicado pela JBS em comunicado.

A companhia disse que a medida vai ajudá-la a se adequar a seu perfil global e a ampliar sua capacidade de investimento.

“Com a dupla listagem, buscamos uma estrutura corporativa que reflita melhor a nossa presença global e as nossas operações internacionais diversificadas”, disse o diretor financeiro da JBS, Guilherme Cavalcanti, citado no texto.

A empresa continuará inscrita na B3 de São Paulo através dos Brazilian Depositary Receipts (BDR), certificados que representam ações emitidas em outros países.

A votação ficou a cargo dos acionistas minoritários, depois que os majoritários J&F e BNDESPar desistiram de participar.

A ascensão da JBS no mercado da carne mundial vem acompanhada de acusações contra a companhia por supostas más práticas trabalhistas e ambientais.

“Dar à JBS acesso a bilhões de dólares em novos financiamentos apenas servirá para potencializar o desmatamento e suas operações que prejudicam o clima”, disse, nesta sexta, a organização Mighty Earth.

Além disso, os escândalos perseguem os acionistas principais, os irmãos bilionários Joesley e Wesley Batista.

Em 2020, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês) ordenou aos irmãos Batista o pagamento de 27 milhões de dólares (R$ 153 milhões, na cotação atual) por acusações de suborno.

Eles estiveram presos brevemente no Brasil em 2017 pelo suposto uso de informação privilegiada na Bolsa, mas foram absolvidos seis anos depois.

“A JBS tem uma história bem documentada de corrupção, suborno, fixação de preços, trabalho infantil, destruição ambiental e outras transgressões sérias”, publicou na segunda-feira na rede social X o senador democrata Cory Booker.

Booker e outras legisladores americanos, incluindo o atual secretário de Estado Marco Rubio, recomendaram à SEC em julho que não autorizasse a listagem da JBS em Wall Street.

Fundada há 72 anos no interior do Brasil, a JBS gerencia 250 frigoríficos em 17 países, com mais de 300 mil clientes ao redor do mundo e emprega 280 mil funcionários.

Junto com outras gigantes da indústria da proteína animal como Marfrig e Minerva, foi acusada de supostamente contribuir para o desmatamento em algumas regiões do Brasil, como a Amazônia.

Mas a JBS afirma que tem tolerância zero com “desmatamento ilegal, trabalho forçado, uso indevido de terras indígenas, unidades de conservação ou violação de embargos ambientais”.

© Agence France-Presse

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