Lupi reassume PDT 18 dias após saída do governo Lula e anuncia apoio à CPI do INSS

carlos lupi

RANIER BRAGON
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

Dezoito dias após deixar o governo Lula em meio ao escândalo dos descontos indevidos de benefícios, o ex-ministro da Previdência Carlos Lupi reassumiu a presidência do PDT nesta terça-feira (20) e anunciou apoio do partido à CPI do INSS no Congresso.

Afirmando não ter nada a temer, o ex-ministro disse que a decisão foi unânime na reunião da executiva do partido, mas com um condicionante: o de que investigações incluam o período do governo de Jair Bolsonaro (2019-2022).

“Não temos o que temer. Quem deve estar muito preocupado com a CPI é o Bolsonaro, os ministros dele. O que eles fizeram para montar esse esquema? A PF tem que investigar isso, tem que mostrar para onde foi esse dinheiro, quem recebeu depósito em conta. Vamos ver se eles vão querer que investigue para valer”, afirmou Lupi

O escândalo dos descontos não autorizados em benefícios de aposentados e pensionistas derrubou Lupi do cargo e virou a nova dor de cabeça para a gestão Lula.

A oposição conseguiu reunir o número mínimo de assinaturas na Câmara e no Senado para a instalação de uma CPI e pressiona o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União Brasil), a criar a comissão.

“A nossa decisão unânime foi apoiar a CPI, como foi proposto na bancada dez dias atrás, desde que ela conste a partir do ano de 2019, que é quando os ladrões começaram a entrar no INSS”, disse Lupi.

Ele minimizou o fato de ele próprio ter sido alertado das suspeitas em reunião do Conselho Nacional de Previdência Social de junho de 2023, sem que houvesse tomado alguma atitude concreta. Segundo Lupi, o papel de investigação e revelação desses casos cabe à Polícia Federal.

“Alguns chegaram e dizer: ‘Ah, o Lupi tomou conhecimento’. Não. Tomei conhecimento numa reunião informal que alguém falou, é verdade. Eu tomei conhecimento porque existe essa denúncia desde que existe uma Previdência. Por que que a Polícia Federal até 2022 não investigou? Quem está apurando é o nosso próprio governo.”

O ex-ministro negou mágoa com Lula, afirmando que não tem motivos para ter nenhum sentimento que não seja de respeito e carinho ao presidente, mas disse que a bancada de deputados e senadores irá adotar uma postura de independência sempre que a posição do governo colidir com conteúdos programáticos e ideológicos do partido.

“Ou seja, não vamos votar automaticamente tudo que o governo quer”, disse ele, citando como exemplo a taxa de juros.

“Outro exemplo, a bancada está apresentando uma emenda porque agora querem tirar o desconto automático da folha, mas somente dos associativistas. Por que que não pode tirar também dos empréstimos dos consignados?”, afirmou.

Lupi disse ainda que sem ele na pasta, “fica mais fácil” elevar o juro do consignado de aposentados e pensionistas.

O então ministro teve embates com Fazenda e Casa Civil por segurar o aumento do teto do consignado enquanto a taxa básica Selic subia. Em janeiro, após pressões de bancos, a taxa subiu de 1,64% para 1,80%. Em março, houve nova alta, para 1,85%.

“Vocês vão ver o que vai acontecer com a taxa de juros dos consignados. Marquem aí que vocês vão assistir daqui a pouquinho. Eu sei os inimigos que eu comprei. Eu sei as forças que eles mexem. É uma luta que nós vamos continuar travando.”

No lugar de Lupi, assumiu o ministério seu então secretário-executivo, Wolney Queiroz, também pedetista.

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