JULIANA ARREGUY
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
Após idas e vindas sobre as eleições internas do PT, o prefeito de Maricá (RJ) e vice-presidente nacional da sigla, Washington Quaquá, anunciou novamente, nesta segunda-feira (19), a sua desistência de concorrer à presidência do partido.
A decisão foi anunciada após uma reunião com a ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), também nesta segunda, na qual Quaquá abriu mão de se candidatar para apoiar a candidatura de Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara e nome apoiado pelo presidente Lula (PT).
“Atendendo ao presidente Lula e contribuindo para a unidade da CNB (Construindo um Novo Brasil, corrente interna do PT), que é indispensável para a boa governança do PT, e para termos um partido com rumo e unido para a reeleição do presidente Lula, eu vim conversar com a ministra Gleisi, e aqui chegamos à conclusão de que o melhor é não registrar candidatura a presidente e sairmos com a CNB unida e com Edinho sendo o candidato de todos”, escreveu Quaquá nas redes sociais.
O prefeito já havia desistido anteriormente de se candidatar e em duas semanas mudou de posicionamento mais de uma vez. No dia 7 de maio, conforme noticiado pela Folha de S.Paulo, ele desistiu de concorrer e articulava lançar à presidência o nome de João Paulo Rodrigues, coordenador nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Menos de uma semana depois, no dia 13, Quaquá comandou um evento no Circo Voador, no Rio de Janeiro, com apresentações de sambistas e baterias de escolas de samba, para lançar a própria candidatura à presidência do partido.
Nesta segunda, seis dias depois do evento em que se lançou candidato, ele anunciou a desistência definitiva -a data é o prazo final para registro das chapas que concorrerão à eleição do partido, a primeira votação direta no PT desde 2013. Sem Quaquá, disputam a presidência o deputado federal Rui Falcão (SP), o secretário de Relações Internacionais do PT, Romênio Pereira, e o dirigente Valter Pomar, além de Edinho.
Em abril, Quaquá havia criticado Edinho e afirmado que o ex-prefeito “nunca sujou os sapatos numa comunidade” e “não tem condições de unificar o partido”.
Quaquá pertence à CNB, corrente majoritária do PT da qual também são parte Lula, Gleisi e Edinho. Segundo o prefeito, que integra uma ala que havia se manifestado de forma contrária à candidatura de Edinho, a mudança de postura foi construída “de ontem para hoje” após rodadas de conversa dentro da tendência, como são conhecidas internamente as correntes petistas.
Parte do descontentamento de membros da CNB à candidatura de Edinho, e que provocou uma racha no partido, é atribuída ao fato de o ex-prefeito de Araraquara ter sinalizado que tiraria do cargo a atual tesoureira Gleide Andrade, aliada de Gleisi, a um ano das eleições.
Além da importância dada ao tesoureiro em anos eleitorais -com o cargo apontado como tão importante quanto o do presidente por distribuir os fundos partidário e eleitoral- Gleide trabalha internamente para sair deputada federal por Minas Gerais e vê, em uma eventual saída, a redução de suas chances de ser eleita.
Fora da CNB, grupos minoritários demandam que o PT adote posturas mais à esquerda, como alegado por Rui Falcão ao lançar a sua candidatura no dia 14 de abril.
Após o registro das candidaturas, terão início os debates entre os candidatos. A eleição será em julho deste ano e funciona de forma direta, pelo voto dos filiados.