
Produtores rurais, estudantes, técnicos e extensionistas se reuniram na última sexta-feira (16), no município de Bonfim, para participar do Dia de Campo sobre o Cultivo do Caju, realizado pela Embrapa Roraima, em parceria com a Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza). O evento ocorreu na Fazenda Desiderata, e teve como foco principal a promoção da cajucultura no estado por meio da difusão de tecnologias, melhoria da produtividade e incentivo à geração de renda.
Durante a programação, os participantes puderam acompanhar apresentações de pesquisadores das duas unidades da Embrapa e visitar a Unidade Demonstrativa implantada na fazenda, onde conheceram, na prática, as tecnologias recomendadas para o cultivo do cajueiro na região. Segundo Gustavo Saavedra, chefe-geral da Embrapa Agroindústria Tropical Fortaleza, o maior beneficiado com essa iniciativa é o próprio estado de Roraima.
“Já existe caju em Roraima, mas de forma extrativista, que não garante volume nem rentabilidade ao produtor. O que a gente está fazendo aqui é adaptar a tecnologia do semiárido para a savana roraimense, com cultivos ordenados, previsibilidade de produção, controle de pragas e, sobretudo, perspectiva de fruticultura moderna”, explicou Saavedra.
Ele também destacou o potencial logístico do estado com o porto de Georgetown, na Guiana, que poderá facilitar a exportação de castanhas, sucos e polpas não só para o Norte do Brasil, mas também para o Caribe e Europa.

Para Hyana Lima Primo, chefe-geral da Embrapa Roraima, o evento representa a consolidação de um trabalho iniciado há mais de cinco anos com o apoio da Embrapa Agroindústria Tropical.
“A gente vem conseguindo aprovar projetos e beneficiar produtores rurais graças a essa atuação em rede. Aqui estamos testando clones desenvolvidos pela Embrapa, como o cajueiro anão, de alta produtividade e qualidade tanto para castanha quanto para suco. Isso gera oportunidades para fixar agroindústrias nos municípios e criar alternativas de renda, principalmente para mulheres rurais”, afirmou Hyana.
Ela também ressaltou o potencial do mercado caribenho, que já demonstra interesse na castanha brasileira, e alertou para a importância de fortalecer a cultura do caju em Roraima antes que outros países se destaquem nesse setor.

Produtores colhem resultados
A produtora rural Diliana Frederico de Souza, presente no evento, acompanha o desenvolvimento da cajucultura há cinco anos. Este ano, ela espera colher os primeiros frutos com maior volume e vê o evento como uma oportunidade de capacitação e crescimento.

Já para Ruben Dário Gonzalo Zambrano, proprietário da Fazenda Desiderata, o evento simboliza o reconhecimento de um trabalho que já apresenta resultados positivos.
“Hoje estamos com apenas 20% da capacidade produtiva e já colhemos cerca de 20 toneladas só do pedúnculo. Com manejo adequado e irrigação, conseguimos uma janela produtiva que vai de setembro até maio. O cajueiro anão produz mais cedo e em maior quantidade que o tradicional. O próximo passo é buscar apoio para ampliar essa produção e ultrapassar as fronteiras de Roraima”, disse Zambrano.
Segundo ele, a escolha pelo cultivo do caju se deu pelas condições favoráveis de solo e clima da região, além da parceria técnica com profissionais da Embrapa e o uso de material genético de alta qualidade trazido do Ceará.

Perspectivas para o futuro
A cajucultura, antes limitada ao extrativismo, passa agora a ser vista como uma alternativa concreta para impulsionar a fruticultura moderna e a economia rural em Roraima. Com o apoio técnico, genético e logístico, o estado se prepara para se tornar referência na produção de castanhas e derivados do caju, atendendo tanto ao mercado interno quanto internacional.




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