“Me inclua fora dessa!”, 40 motivos para Ancelotti desistir da Seleção Brasileira

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“Quem me contratou caiu. E agora?”

Se Carlo Ancelotti fosse um servidor público brasileiro, já estaria em casa com o contracheque na mão. Mas ele nem contrato assinou com a CBF. O acordo com o treinador italiano foi feito de palavra — uma palavra dada por Ednaldo Rodrigues, presidente afastado da CBF por decisão judicial. Ou seja: tecnicamente, Ancelotti hoje não responde a ninguém. Não tem chefe, não tem vínculo, não tem garantia de absolutamente nada.

Se decidir pular fora agora, pode sair sem multa, sem desgaste e ainda com a pose intacta. E, como se isso não bastasse, listamos a seguir pelo menos 40  motivos para que ele faça exatamente isso: diga “Ciao, Brasile!”

         1.      Perdeu o chefe. O presidente que o contratou, Ednaldo Rodrigues, foi tirado do cargo por decisão judicial. E quem garante que o próximo vai mantê-lo?

         2.      Instabilidade política crônica. A CBF é uma eterna guerra de facções. O clima de bastidor é mais tenso que vestiário após goleada.

         3.      Pressão de empresário. Boa parte da Seleção tem o mesmo agente. E o nome dele ecoa: Juliano Bertolucci.

         4.      Não tem tempo. Acostumado ao dia a dia de clube, Ancelotti teria 2 ou 3 treinos a cada 3 meses. É muito pouco para montar uma ideia de jogo.

         5.      Brasil é imediatista. Perdeu dois jogos? Já tem comentarista pedindo Dorival de volta. Ou Cuca. Ou Diniz. Ou Luxemburgo.

         6.      Falta de material humano. A geração atual tem pouco talento et pouca liga. Sem meio-campo, sem laterais, sem química. E com Neymar machucado (ou desinteressado).

         7.      Neymar e seu entorno. Trabalhar com o camisa 10 exige lidar com o pai, com os humores dele, e com a expectativa de que ele seja sempre o protagonista — mesmo fora de forma.

         8.      Carro blindado e segurança. Literalmente. Técnicos da Seleção andam assim no Brasil. Não é só futebol, é sobrevivência.

         9.      Falta de autonomia. Vai escalar quem quer ou quem o sistema quer? Vai bancar um corte de medalhão?

         10.    CBF vaza tudo. Qualquer desabafo ou estratégia cai em grupo de WhatsApp de jornalista em 30 segundos.

         11.    Críticas da mídia. A imprensa esportiva brasileira ainda torce o nariz para técnicos estrangeiros. Qualquer tropeço será amplificado.

         12.    Séries A e B. Sim, ele teria que assistir aos jogos. Todos. Repetidas vezes. Até encontrar “o novo meia da Seleção”.

         13.    Europa é outro planeta. Desde 2002 o Brasil não vence seleções europeias em mata-mata de Copa. E isso, segundo ele mesmo, exige jogadores com “mentalidade europeia”.

         14.    Treinar a Itália é mais fácil. Já pensou? O cargo pode abrir. Fica perto de casa, e ele conhece cada canto daquele futebol.

         15.    Tem coisa melhor para fazer. Como assistir a um Milan x Napoli com vinho na mão. Ou aceitar uma proposta do Manchester United (vai que…).

         16.    Contrato com cláusula antinterferência. Dizem que exigiu autonomia total. Só que no Brasil, autonomia dura até a primeira ligação de empresário ou dirigente.

         17.    Estilo da torcida. A torcida da Seleção quer espetáculo, não gestão de elenco. Quer drible, não controle de jogo. É o oposto do que Ancelotti entrega.

         18.    Treinar Seleção é ingrato. Se vencer, “fez mais que a obrigação”. Se perder, “nunca entendeu o futebol brasileiro”.

         19.    CBF não paga em euro. E nem oferece cobertura médica do padrão europeu.

         20.    A Seleção já não é prioridade para ninguém. Nem para os clubes, nem para os jogadores, nem para a torcida. E talvez nem para ele.

         21.    Não tem contrato assinado. O acerto foi verbal, o que significa que ele pode cair fora sem rasgar papel — e sem dever explicação a ninguém.

         22.    Perdeu o fiador. O único nome com quem Ancelotti tratou diretamente — Ednaldo Rodrigues — está fora da presidência da CBF. Quem assume vai querer um técnico “dele”.

         23.    Quem manda na Seleção não é ele. Se depender do entorno da CBF, ele será cobrado a convocar Endrick mesmo sem jogar, só porque virou fetiche da mídia.

         24.    Vai ter que escalar o Vinícius Júnior como no Real Madrid. Só que aqui ele não tem o Bellingham e o Mbappé para a máquina engrenar.

         25.    Convocar jogador por clamor popular. Imagina ser cobrado por não chamar um atacante que faz hat-trick no Paulistão, mas joga no Água Santa.

         26.    A Seleção é refém do passado. A cada entrevista, Ancelotti teria que explicar por que o Brasil não joga como em 1970, mesmo estando em 2025.

         27.    Todo jogo é final. Até amistoso contra Ilhas Fiji vira “teste decisivo” para a Copa.

         28.    Jogadores pensam na janela, não na camisa. A Seleção virou vitrine para negociação — e não para conquistas.

         29.    Falta de identidade. Não se sabe se o time joga como Tite, como Diniz, como Guardiola ou como o técnico da vez do Flamengo.

         30.    Copa América como vestibular. Vai ter que provar tudo em torneio que ninguém na Europa leva a sério — e que o Brasil é obrigado a ganhar.

         31.    Desorganização logística. Um dia o treino é em Londres, no outro em Cuiabá. O Real Madrid tem mais estrutura que a CBF inteira.

         32.    Clima de desconfiança interna. O staff da CBF não é um time, é um amontoado de interesses.

         33.    Não pode nem perder bonito. A cobrança não é por desempenho, é por vitória. Sempre.

         34.    ‘Tiozão europeu’ não vira meme. Diniz virou “o maluco do vestiário”, Felipão é folclórico. Ancelotti só tem a sobrancelha levantada. Não viraliza.

         35.    Cultura da sabotagem. Sempre tem alguém torcendo para o técnico cair — inclusive dentro da Seleção.

36. Vou ter que usar camisa de casa de aposta. A CBF é patrocinada pela Betano, o Brasileirão também. Em algum momento, vão me enfiar uma camiseta com o logo no peito, como se eu fosse o novo garoto-propaganda.

37.  Convite para a Sapucaí vem aí. Todo técnico da Seleção vira celebridade — vão querer me ver no camarote do Carnaval, sambando ao lado da madrinha de bateria. E eu só queria ver Napoli x Inter em paz.

38.  Derrota com CPI. Se perder dois jogos, algum deputado vai propor CPI da Seleção. E eu vou acabar sentado numa cadeira do Congresso explicando por que não chamei o Hulk.

39.  Vou ter que virar analista político. Se eu der bom dia para um deputado, dizem que sou bolsonarista. Se almoçar com outro, sou petista. Se não falar nada, estou em cima do muro.

40.  Já estou com saudade do meu sofá em Madrid. Porque no fim das contas, eu posso ver meus netos, tomar meu vinho, e assistir à Seleção Brasileira de longe — como todo mundo tem feito.

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