PM enquadra dependentes químicos no centro de SP, em nova estratégia após dispersão da cracolândia

TULIO KRUSE
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Dois dias após a dispersão de dependentes químicos da cracolândia, que abandonaram o principal ponto de consumo de crack no centro de São Paulo, policiais militares enfileiravam e revistavam um grupo de usuários de drogas e moradores de rua na tarde desta quinta-feira (15), na região dos Campos Elísios.

Eles procuravam objetos perfurantes, como facas e tesouras, e usavam celulares para fazer o reconhecimento facial de cada um deles. De acordo com um tenente da PM que acompanhava a ação, o procedimento tem o objetivo de prevenir a formação de novas cenas de uso de drogas, assim como eventuais roubos e furtos, e deve se tornar mais frequente nos próximos dias.

Um grupo de cerca de 15 pessoas foi enquadrado na alameda Nothmann, na esquina da Barão de Limeira, por volta das 14h15. Eles estavam concentrados no quarteirão de cima, próximo às ruas Conselheiro Nébias e Guaianases, e foram levados pelos PMs para serem enfileirados a uma quadra de distância.

À Folha policiais mostraram um simulacro de arma de fogo que teria sido encontrado com uma mulher que integrava o grupo. O objeto, de plástico, estava junto a uma caixa de balas que também estaria entre seus pertences. Com o corpo sujo e os cabelos desgrenhados, ela chorava e dizia que o simulacro não era dela. A reportagem não viu o momento em que o objeto foi encontrado.

Policiais que participavam da ação disseram que houve registro de ao menos duas tentativas de assalto nas redondezas nos últimos dois dias, ocorrências que eles associaram à dispersão da cracolândia. Segundo um tenente, os homens da PM têm inclusive avisado os dependentes químicos de que passarão a revistá-los toda vez que encontrarem grupos de usuários de drogas na rua.

Além da procura de armas e drogas, os policiais faziam o reconhecimento facial para identificar se havia pessoas com mandados de prisão pendentes.

Com o esvaziamento da cracolândia na rua dos Protestantes, na região da Luz, os usuários de droga voltaram a se espalhar por outras regiões da área central de São Paulo. Na madrugada desta quinta-feira, por exemplo, um grupo ficou concentrado na rua Helvétia, próximo ao cruzamento com a avenida São João -e na rua de trás do 77º DP (Santa Cecília). Por volta das 11h, já haviam deixado o local.

Na quarta (14), outros grupos ainda podiam ser vistos nas proximidades, como nas ruas Conselheiro Nébias e General Julio Marcondes Salgado e na praça Júlio Mesquita, mas sem grandes aglomerações.

Nesta quinta, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou que não houve espalhamento da cracolândia. Ele afirmou que há um trabalho contínuo de combate ao tráfico, de atendimento social e de saúde.

“Quando você tira a droga, a gente tem um ganho com o convencimento das pessoas aceitarem o tratamento”, afirmou. Ele atribuiu o sumiço da cracolândia às operações na favela do Moinho. “Eu associo a isso à questão da operação da favela do Moinho, nós temos que acabar com aquele bunker do tráfico.”

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