Dólar abre estável com dados da economia americana no radar

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O dólar rondava a estabilidade nas primeiras negociações desta quinta-feira (15), à medida que os investidores aguardavam comentários do chair do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA), Jerome Powell, e uma série de dados econômicos dos Estados Unidos, com as recentes incertezas comerciais ainda em foco.

Às 9h03, o dólar caía 0,06%, a R$ 5,6297. Dados sobre seguro-desemprego, varejo e indústria americana, além do índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês), devem ser divulgados nesta quinta.

Na quarta-feira (14), o dólar fechou com avanço de 0,46%, cotada a R$ 5,632, após abrir rondando a estabilidade um dia após a moeda americana ter atingido o menor valor desde outubro.

Já a Bolsa fechou com baixa de 0,38%, a 138.422 pontos, após bater 139.361 pontos na máxima do dia.

Na véspera, o índice renovou seu recorde histórico, avançando 1,75%, a 138.963 pontos. O recorde de fechamento do Ibovespa até então era de 28 de agosto de 2024, quando marcou 137.343 pontos, e o de negociação intradiária era de quinta-feira passada (8), de 137.634 pontos.

O pregão ainda foi marcado por uma nova bateria de balanços corporativos que impactavam a Bolsa, entre eles os resultados de JBS e Raízen. Pela manhã, a Azul anunciou que encerrou o primeiro trimestre com um prejuízo líquido ajustado de R$ 1,82 bilhão, acima do resultado negativo de R$ 324 milhões apurado um ano antes, o que fez os papeis da companhia aérea despencarem até 16%.

No início da sessão, o dólar chegou a oscilar no território negativo, abaixo dos R$ 5,60, com alguns agentes citando fluxo de entrada de recursos no país para justificar o movimento. Na mínima do dia, a moeda chegou a ser cotada a R$ 5,583, um recuo de 0,43%.

“Esse fluxo de saída de capital pressiona a moeda brasileira e contribui para o avanço da divisa norte-americana”, disse Paulo Silva, co-fundador da Consultoria Advisory 360.

Segundo Felipe Papini, sócio da One Investimentos, os movimentos nos mercados de câmbio e de ações seriam um “retorno a média”, com investidores realizando lucros após o “Ibovespa ter passado seu topo histórico e o dólar chegar em uma região de suporte importante após uma desvalorização considerável”.

Mas ao longo da manhã o dólar recuperou força no Brasil e virou para o positivo, com alguns participantes do mercado aproveitando as cotações mais baixas para comprar moeda.

O exterior esteve por trás do bom desempenho dos ativos brasileiros na véspera e continuou impactando os movimentos do mercado de ações e de câmbio nesta sessão.

Isso porque os Estados Unidos e a China chegaram a um acordo, na última segunda (12), para reduzir temporariamente as tarifas recíprocas.

Os americanos vão reduzir de 145% para 30% as tarifas adicionais sobre produtos chineses (10% de taxa básica, mais 20% relacionados ao tráfico da droga fentanil). Os chineses, por sua vez, vão diminuir as taxas sobre importações americanas para 10% (são 125% hoje).

O recuo nas taxas será válido por 90 dias, período em que os países continuarão negociando. Trump sinalizou que as tarifas dos EUA sobre produtos chineses podem aumentar, caso os países não atinjam um acordo definitivo.

Dados de inflação abaixo do esperado nos EUA divulgados na véspera também fomentaram o otimismo entre investidores. Enquanto o consenso do mercado era de uma alta de 0,3% no mês de abril, a inflação veio em 0,2%, depois de ter caído 0,1% em março, alimentando expectativa de que o Fed (Federal Reserva, o BC americano) possa ter mais espaço para cortar a taxa de juros neste ano.

A trégua comercial entre as duas maiores economias do mundo afastou parte das preocupações com a possibilidade de uma recessão global.

“A política comercial dos EUA tem sido altamente volátil nos últimos meses, mas se a última redução (das tensões) se mantiver, haverá potencial de alta em relação às nossas previsões de crescimento global”, disseram analistas da Fitch Ratings em relatório.

Os mercados também acompanham uma viagem de Trump pelo Oriente Médio, que pode ter tanto efeitos econômicos, com o anúncio de investimentos nos EUA, quanto geopolíticos, à medida que o presidente norte-americano discute a situação na Faixa de Gaza com os parceiros da região.

Na cena doméstica, a sessão foi marcada por dados. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que o volume de serviços no Brasil voltou a crescer no final do primeiro trimestre, mas mostrou desaceleração e ficou ligeiramente abaixo do esperado em março, em um cenário de esperado desaquecimento da economia e juros elevados.

Em março, o volume de serviços registrou alta de 0,3%, em resultado que ficou pouco abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,4% e depois de crescimento de 0,9% em fevereiro.

O IBGE destacou os desempenhos do setor de transportes, que apresentou crescimento de 1,7% em março, segundo resultado positivo seguido.

A resiliência do mercado de trabalho vem mantendo o setor de serviços sustentado neste início de ano, com geração de empregos com carteira assinada que tendem a ter salários mais altos, sustentando a demanda interna.

No entanto, desafios como inflação elevada, juros altos e aperto das condições financeiras devem levar o setor -e a economia como um todo- a apresentar um crescimento mais moderado neste ano. Na semana passada, o Banco Central elevou a taxa básica de juros a 14,75% ao ano.

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