“Premonição 6” é o retorno que a franquia merecia

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Vinte e cinco anos depois da estreia que deu início ao culto macabro em torno da morte encapuzada, a franquia “Premonição” ressurge nesta quinta-feira (15), com o tipo de energia que só uma boa árvore genealógica enfeitiçada pode oferecer. “Laços de Sangue”, sexto capítulo da saga, não tenta reinventar a roda – ele a lança morro abaixo e espera, com um sorriso sádico, para ver onde ela vai bater. E o melhor: acerta em cheio.

Dirigido por Zach Lipovsky e Adam B. Stein, o filme retoma o conceito clássico de premonição e reação em cadeia, mas agora com um frescor inesperado. Em tempos de “terror elevado”, onde o trauma psicológico e o luto viraram os grandes vilões, “Premonição” opta por um retorno jubiloso ao absurdo. Nada de subtexto profundo ou metáforas existenciais: aqui, o que importa é o barulho da engrenagem fatal prestes a triturar mais um sobrevivente do destino.

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Foto: Divulgação/Warner Bros. Pictures

A abertura já entrega o tom: anos 60, uma jovem chamada Iris (com os olhos vendados, claro) vê o futuro enquanto se prepara para um jantar romântico em um restaurante panorâmico. Quando “Shout”, dos Isley Brothers, embala os corpos na pista de dança com fundo de vidro, o público já sabe: algo vai quebrar. Mas é o tempo que o filme leva para saborear o desastre que impressiona. Antes do caos, existe beleza – e isso faz tudo doer um pouco mais.

O roteiro constrói uma linha narrativa que remonta à origem da maldição. Iris não é só mais uma visionária azarada: ela é o ponto de partida de uma linhagem marcada pela perseguição da morte. Décadas depois, sua neta, Stefani, interpretada com cansaço crônico por Kaitlyn Santa Juana, começa a ter os mesmos pressentimentos. A partir daí, o filme alterna entre sustos coreografados e revelações familiares que expandem a mitologia da franquia sem parecer forçado.

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Foto: Divulgação/Warner Bros. Pictures

A grande sacada de “Laços de Sangue” está na forma como transforma o passado da série em parte viva da narrativa. Nada soa gratuito, nem mesmo o retorno de objetos clássicos – ventiladores de teto, ônibus, madeira empilhada – que antes serviram como armadilhas letais. A produção brinca com o próprio legado, recicla ícones e até entrega uma pitada de nostalgia bem administrada.

As mortes continuam sendo o espetáculo principal. Em uma mistura improvável entre Buster Keaton e Rube Goldberg, ferramentas de jardinagem e ressonâncias magnéticas se transformam em armas do destino. Tudo é coreografado com um senso de timing cômico que quase beira a ternura – se não estivéssemos falando de decapitações e ossos estourando como pipoca. Ainda assim, é divertido demais para desviar o olhar.

E como ignorar a aparição final de Tony Todd? O eterno Bludworth surge para uma despedida silenciosa, mas tocante, como se nos dissesse que a própria franquia sabe que o tempo passa – e, com ele, seus personagens também. Seu monólogo improvisado é o ponto mais melancólico de um filme que, no fundo, nunca quis nos fazer chorar. Mas conseguiu.

Conclusão

“Premonição 6: Laços de Sangue” pode até não mudar o curso do terror contemporâneo, mas reafirma seu valor onde muitos outros reboots falham: ele respeita a própria essência. E, nesse caso, a essência é simples e mortal: ninguém escapa da morte – mas dá para rir antes dela chegar.

Confira o tralier:

Ficha Técnica
Direção: Adam Stein, Zach Lipovsky;
Roteiro: Lori Evans Taylor, Guy Busick;
Elenco: Kaitlyn Santa Juana, Teo Briones, Richard Harmon, Owen Patrick Joyner, Anna Lore, Rya Kihlstedt, Brec Bassinger e Tony Todd;
Gênero: Terror;
Duração: 110 minutos;
Distribuição: Warner Bros. Pictures;
Classificação indicativa: 18 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Espaço Z

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