Do Distrito Federal para a Europa, ou, mais especificamente, para a Bulgária. O país será o destino de seis ginastas brasilienses que vão participar de um torneio internacional de ginástica acrobática entre os dias 27 deste mês e 2 de junho, com apoio do Governo do Distrito Federal (GDF). As meninas são alunas do Centro de Iniciação Desportiva (CID) de Sobradinho, projeto da Secretaria de Educação (SEEDF) que oferece a modalidade para mais de 200 crianças e adolescentes, e vão viajar com apoio do programa Compete Brasília, iniciativa da Secretaria de Esporte e Lazer (SEL-DF) que viabiliza passagens aéreas e terrestres para atletas do Quadradinho.
O grupo é composto pelas estudantes Amanda Ferreira, 9, Maitê Guimarães, 12, Maria Luíza Landim, 12, Maria Eduarda Lima, 13, Milena Sales, 15, e Bianca Fernandes, 15. As atletas vão disputar em trios e em duas categorias distintas, o pódio do Burgas International Acro Cup. As meninas estarão acompanhadas por duas treinadoras – também beneficiadas pelo Compete Brasília. “É um campeonato superimportante em um país que tem muita relevância na ginástica acrobática. Para nós vai ser uma grande experiência, estaremos ao lado dos melhores do mundo, porque ali também é uma etapa para a Copa do Mundo de ginástica”, explica a treinadora Márcia Janete Colognese.
Colognese destaca a importância do apoio financeiro para a realização da viagem: “Se não fosse a ajuda do Compete Brasília, nós não teríamos condição de levá-las, porque são crianças que precisam realmente de aporte financeiro. Elas tiram um tempo grande da vida delas para estarem aqui, treinando. Sabemos que são diferenciadas porque ainda precisam equilibrar com os estudos, e nem todas moram aqui perto. Às vezes, vêm de ônibus, demoram, pegam o trânsito. Acredito que o esforço que elas fazem para estar aqui demonstra o amor que têm pela modalidade”.
Voltado ao desenvolvimento esportivo local, o Compete Brasília atendeu 5.450 atletas em 2024, com cerca de R$ 7,3 milhões investidos. Foram 787 viagens nacionais, 403 internacionais e 144 terrestres. “O Compete Brasília tem justamente o propósito de garantir que nossos atletas possam representar o Distrito Federal em competições nacionais e internacionais com o suporte necessário”, pontua o secretário de Esporte e Lazer, Renato Junqueira.
Ele acrescenta que a ida das jovens para a Bulgária evidencia que este GDF não mede esforços quando o assunto é fomentar o esporte: “Ver essas jovens da ginástica acrobática alcançando a oportunidade de competir na Bulgária é motivo de orgulho e demonstra que investir no esporte é acreditar no futuro. O Governo do Distrito Federal segue comprometido em apoiar o desenvolvimento de talentos em todas as regiões do DF”.
Esforço
Para alcançar a excelência em movimentos que exigem força e precisão, as atletas seguem uma rotina de treinos intensa. Os encontros têm quatro horas de duração e ocorrem às segundas, quartas e sextas, no Ginásio de Esportes de Sobradinho, e às terças, quintas e sábados no Centro de Treinamento de Brasília, no Pavilhão do Parque da Cidade. O trabalho contempla a parte física, coreografia, flexibilidade e prevenção, com acompanhamento psicológico.
Esta será a segunda vez da ginasta Maria Luiza Landim em um torneio internacional – a estreia ocorreu na Colômbia, no final do ano passado – e a primeira vez na Europa. “Minha expectativa é trazer uma medalha para o Brasil e conhecer lá”, conta. “Estamos um pouco ansiosas, principalmente eu, porque tenho muito medo de avião. Mas nós vamos dar o nosso melhor. Estamos treinando muito para trazer medalhas para o Brasil”.
Amanda Ferreira e Maitê Guimarães também estão animadas com a experiência. “Trabalhamos há muito tempo para isso. Vamos dar o nosso melhor e eu confio muito no meu trio, o que para mim impacta muito”, afirma Maitê. Já Amanda acredita que a oportunidade a ajudará a conquistar objetivos futuros: “Quero chegar às Olimpíadas, ser uma grande atleta, viajar para outros países”.
O coração dos pais e responsáveis também fica cheio de orgulho, como revela a dona de casa Luciana Tolentina, 47. Mãe de Milena, ela agradece o apoio do GDF. “É um orgulho, demais. Qualquer coisa que façam, não tem como não chorar. Quando elas apresentam [a coreografia] para a professora, o coração fica arrepiado, dispara”, afirma. “Se não tivesse o apoio do governo, não teria como elas irem, porque as passagens são de valores exorbitantes, que não cabem no bolso”.
Esporte e educação
Criado em 2022, o CID de ginástica acrobática atende mais de 200 estudantes de 6 a 16 anos semanalmente. As inscrições são abertas em fevereiro e em julho, no retorno das aulas, conforme o calendário da rede pública. Para participar, pais e responsáveis devem procurar as professoras no ginásio e efetuar a inscrição. Os alunos passam por uma avaliação sobre habilidades como flexibilidade, força, coordenação e equilíbrio. Os critérios são usados para a divisão de turmas, uma vez que nenhuma criança ou adolescente é eliminado. As turmas ocorrem no matutino e vespertino.
Os Centros de Iniciação Desportiva (CID) e o Centro de Iniciação Desportiva Paralímpico (CIDP) do DF visam a democratizar o acesso ao esporte no ambiente escolar. Os equipamentos estão presentes em todas as 14 regionais de ensino com diversas modalidades, como atletismo, futebol, handebol, saltos ornamentais, badminton, futsal, judô, taekwondo, basquetebol e xadrez, entre outras.
Os encontros envolvem tanto a técnica de cada esporte quanto o fortalecimento da resiliência e disciplina dos esportistas, que são incentivados a participar de torneios e jogos escolares. “É por meio dele que muitas crianças têm o primeiro contato com esportes olímpicos, como a ginástica artística. Elas passam a se sentir parte do universo esportivo, descobrindo novas possibilidades e construindo sonhos por meio do esporte”, afirma a gerente de Desportos da Secretaria de Educação, Iara Neves.
Mais de 6,5 mil alunos participam de alguma das oficinas, segundo dados da Secretaria de Educação. As turmas são estruturadas conforme a idade e o nível de técnica dos estudantes, sendo conduzidas por professores de educação física lotados na pasta. A entrada no programa é condicionada à matrícula na rede pública de ensino, mas, em casos específicos, há abertura para a comunidade. As vagas são limitadas.
Para encontrar o centro de iniciação desportiva mais próximo, entre em contato com as regionais de ensino. Os telefones estão disponíveis aqui.