A ilusão bilionária do futebol brasileiro

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O River Plate estreou recentemente seu novo patrocínio máster com a Betano em uma goleada por 4 a 1 sobre o Vélez Sarsfield, mas o valor do contrato chamou atenção por outro motivo: está muito abaixo do que os clubes brasileiros faturam. O clube mais vitorioso da Argentina receberá US$ 6 milhões anuais (cerca de R$ 36 milhões), quantia semelhante à de Fortaleza e Bahia — clubes em ascensão no cenário nacional. O Boca Juniors também fatura pouco, com R$ 40 milhões por ano da Betsson. Já o Racing, atual campeão da Sul-Americana e da Recopa, recebe apenas R$ 12 milhões.

No Brasil, os números são de outro patamar. Flamengo lidera com R$ 115 milhões por temporada da Pixbet, seguido por Corinthians (R$ 103 milhões da Esportes da Sorte) e Palmeiras (R$ 100 milhões da Sportingbet). Somados, esses três contratos superam com folga a receita de patrocínio máster de todos os grandes clubes argentinos juntos. Grêmio e Internacional, que recebem cerca de R$ 50 milhões anuais, também estão à frente. Até o Sport, recém-promovido à Série A, fechou o maior patrocínio de sua história: R$ 30 milhões fixos com possibilidade de chegar a R$ 70 milhões com bônus por metas.

Tudo bem, há um retrospecto positivo em nosso favor. O Botafogo ganhou em 2024 e emendou o sexto título consecutivo de equipes brasileiras. Desde 2019 não deixamos outra nação encostar no troféu da Liberta. Nos últimos oito anos, o campeão foi do Brasil em sete oportunidades. O único a furar a fila foi o River Plate, que venceu a final caseira contra o Boca Juniors em 2018.

Mas a situação que está se desenhando atualmente é um pouco preocupante. Basta dar uma olhada na rodada mais recente da Copa Sul-Americana. Como mostra o gráfico da CazéTV, os clubes brasileiros enfrentaram adversários da América do Sul e não conseguiram vencer nenhuma partida. Foram quatro empates (Vitória, Corinthians, Cruzeiro e Grêmio) e três derrotas (Vasco, Atlético-MG e Fluminense), revelando um desempenho que beira o vexame, considerando o abismo financeiro.

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A discrepância vai além dos patrocínios. Enquanto a Copa do Brasil e o Brasileirão distribuem prêmios que podem chegar a dez ou quinze vezes mais do que os campeonatos argentinos, os clubes vizinhos seguem se destacando tecnicamente. A seleção argentina é o retrato mais fiel dessa superioridade recente: atual campeã do mundo, venceu o Brasil por 4 a 1 nas Eliminatórias num jogo simbólico do abismo técnico — e psicológico — que separa hoje as duas escolas. O Brasil, com dinheiro de sobra, patina em campo. A Argentina, com menos, continua a ensinar futebol.

 

 

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