MATHEUS DOS SANTOS
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O presidente dos EUA, Donald Trump, sugeriu uma tarifa de 80% sobre a China antes das negociações entre os países começarem nesta sexta (9). Trump também defendeu que Pequim abra seus mercados aos produtos americanos.
“Uma tarifa de 80% sobre a China parece adequada! Fica a cargo do Scott B”, disse Trump em uma publicação nas redes sociais na manhã de sexta-feira (9), referindo-se ao Secretário do Tesouro Scott Bessent.
“A CHINA DEVERIA ABRIR SEU MERCADO PARA OS EUA -SERIA TÃO BOM PARA ELES!!! MERCADOS FECHADOS NÃO FUNCIONAM MAIS!!!”, disse em outra publicação.
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e o Representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, devem iniciar com o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, as primeiras discussões públicas sobre a guerra comercial envolvendo as duas potências.
A disputa tarifária começou em 2 de abril, no que foi denominado por Trump de Dia da Libertação.
Desde então, os EUA impuseram tarifas de 145% sobre a China e Pequim retaliou com taxas de 125% sobre produtos americanos, patamares que se mantêm até hoje.
Os comentários de Trump proporcionaram uma dose de realidade aos investidores que estavam antecipando o início das negociações e otimistas por um maior recuo do presidente dos EUA. Desde que começou, a guerra comercial tem agitado os mercados de ações e títulos e aumentado os riscos de uma desaceleração global.
Após as falas do presidente dos EUA, os futuros do S&P 500 brevemente ficaram negativos e, embora positivos novamente, estão bem abaixo das máximas da sessão. As ações europeias reduziram os ganhos e o peso mexicano reverteu os ganhos. Os rendimentos de dois anos dos EUA caíram.
Em tom mais otimista, o assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, também comentou, nesta sexta, as negociações e afirmou que os sinais do encontro entre os países são promissores e positivos.
“Tudo o que está acontecendo com a reunião na Suíça é muito promissor para nós”, disse Hassett em entrevista à CNBC. “Estamos vendo um respeito extremo, tratando os dois lados com respeito. Estamos vendo coleguismo e também esboços de avanços positivos”.
Para a diretora-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Ngozi Okonjo-Iweala, as negociações comerciais entre Estados Unidos e a China são “um passo positivo e construtivo em direção à desescalada”.
“O diálogo contínuo entre as duas maiores economias do mundo é essencial para aliviar as tensões comerciais, evitar a fragmentação das linhas geopolíticas e preservar o crescimento global”, acrescentou um porta-voz da Organização Mundial do Comércio em comunicado.
Trump impôs tarifas a dezenas de nações no começo de abril e, menos de uma semana depois, anunciou uma pausa de 90 dias sobre todos os países, com exceção da China. A medida, segundo o presidente americano, era para que parceiros comerciais tivessem uma janela para negociar acordos com sua administração.
Na quinta-feira (8), o primeiro acordo, com o Reino Unido, foi firmado. Segundo Trump, o Reino Unido concordou em abaixar as cobranças não tarifárias sobre produtos importados. “Um ótimo acordo para ambos os países. Eles estão abrindo o país -o país estava um pouco fechado”, disse o presidente americano.
Pelo acordo, as tarifas de 10% sobre os produtos do Reino Unido seguem em vigor. Haverá, entretanto, isenções ligadas aos automóveis, setor que recebe uma tarifa de 25% impostas por Trump, além do aço e aviões.
As conversas com a China prometem ser mais complicadas. Trump, no início desta semana, descartou reduzir preventivamente os impostos sobre a China para ajudar a impulsionar as negociações. Nesta quinta (8), ele afirmou que ‘não dá para aumentar mais’ tarifas da China e que espera ‘reunião amigável’ com o país.
Apesar do aparente recuo, o presidente e seus conselheiros têm afirmado que os consumidores americanos estão dispostos a suportar a guerra comercial, com preços mais altos, para permitir que o projeto de recuperação da indústria americana tenha sucesso.