EDUARDO CUCOLO E LEONARDO VIECELI
SÃO PAULO, SP, E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)
A renda média dos brasileiros cresceu em ritmo mais lento em 2024, depois de uma forte expansão no ano anterior, mas a elevação foi suficiente para o valor superar finalmente o patamar verificado dez anos antes e que, até então, se mantinha como recorde da série histórica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Do total de pessoas residentes no Brasil em 2024, estimado em 217 milhões, 66,1% (143,4 milhões) possuíam algum tipo de rendimento, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira (8) da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua: Rendimento de Todas as Fontes 2024.
Quase metade da população (47%) obteve rendimentos com alguma forma de trabalho, enquanto 26,4% declararam ter outras fontes, como aposentadorias e pensões (13,5%) e programas sociais (9,2%). Uma mesma pessoa pode ter mais de uma renda. Por isso, os números não podem ser somados.
A renda média mensal de todas as fontes foi de R$ 3.057 em 2024, valor que superou o recorde anterior de R$ 2.974, registrado em 2014, início da maior recessão enfrentada pelo país. Em 2023, o rendimento havia se aproximado da máxima anterior, ao alcançar R$ 2.971.
Os dados foram corrigidos pela inflação e consideram a população residente que recebia alguma renda. O crescimento de 2024 foi de 2,9%, abaixo dos 7,5% registrados no ano anterior.
Principal fonte de recursos, o rendimento médio do trabalho cresceu 3,7% em 2024, após avanço de 7,2% em 2023, chegando ao maior valor da série iniciada em 2012 (R$ 3.225).
O aumento da renda média do trabalho superou a variação do valor de outras fontes, como aposentadorias e pensões (+0,6%) e benefícios sociais (+2,2%).
O rendimento de todos os trabalhos resultou em uma massa mensal de R$ 328,6 bilhões, maior valor da série histórica, com crescimento real de 6,5% em relação a 2023. Houve aumento tanto da renda média como da população ocupada, que passou de 99,2 milhões para 101,9 milhões de pessoas, outro recorde.
“A gente observa que o ano de 2024 teve um ganho de renda em relação ao ano anterior. Não foi um ganho tão intenso quanto o que a gente observou em 2023, mas manteve essa tendência de crescimento observada desde 2022, ainda que com uma taxa menor. E foi um ano em que a gente observou uma melhoria na distribuição de renda. Isso talvez seja uma característica de 2024: crescimento com melhor distribuição de renda”, afirma Gustavo Geaquinto Fontes, analista da pesquisa do IBGE.
O instituto atribui o avanço da massa mensal no ano passado ao aumento da população ocupada e ao crescimento do rendimento médio do trabalho. A região Sudeste continuou registrando a maior massa de rendimento do trabalho em 2024 (R$ 165,9 bilhões), seguida pelo Sul (R$ 59,3 bilhões). A menor massa foi da região Norte (R$ 19,8 bilhões).
O Nordeste e o Sul tiveram elevação expressiva da massa de rendimento do trabalho no período, de 13,9% e 13,5%, respectivamente, acima da média nacional.
RENDA PER CAPITA
A pesquisa do IBGE também traz informações sobre a renda média mensal per capita (por pessoa) de todas as fontes nos domicílios. Esse indicador cresceu 4,7% acima da inflação, para R$ 2.020, em 2024, também o maior patamar da série, após expansão de 11,5% em 2023 e de 6,9% em 2022. A máxima anterior havia sido verificada em 2023 (R$ 1.929).
O Distrito Federal possui a maior renda por pessoa (R$ 3.276), seguido por São Paulo (R$ 2.588). No extremo oposto estão Ceará (R$ 1.210) e Maranhão (R$ 1.078).
Norte e Nordeste apresentaram os menores valores, de R$ 1.389 e R$ 1.319, respectivamente, enquanto a região Sul teve o maior rendimento (R$ 2.499), seguida por Sudeste (R$ 2.381) e Centro-Oeste (R$ 2.331).
No ano passado, os maiores crescimentos ocorreram nas regiões Sul (11,2%) e Nordeste (10,7%).
O grupo de domicílios que recebiam Bolsa Família apresentou um crescimento do rendimento domiciliar per capita de 8,1%, acima do registrado nos lares que não contavam com esse benefício (4,3%).
Os rendimentos do trabalho responderam por 74,9% da renda per capita, seguidos por aposentadorias e pensões (16,8%), programas sociais do governo (3,8%) e aluguéis e arrendamentos (1,9%).