
Informação foi confirmada pela família. Bebê de cinco meses foi resgatado de helicóptero
Reprodução/ RBS TV
O bebê Anthony Miguel, que foi resgatado de helicóptero pelo telhado de uma casa inundada no Vale do Taquari, em maio de 2024, morreu, segundo informação confirmada pela família nesta quarta-feira (7).
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A imagem do salvamento da criança, que tinha cinco meses na época, rodou o país. Relembre abaixo o resgate.
O Rio Grande do Sul foi atingido por uma enchente histórica em 2024, que provocou danos em quase todos os municípios, devastou cidades em sua maioria na Região Metropolitana e Vale do Taquari, retirou milhares de casa e deixou 184 mortos, além de 25 desaparecidos. De todo o país, voluntários e doadores se mobilizaram para prestar ajuda aos atingidos.
Após um ano, a RBS TV apresenta o RBS.Doc sobre a tragédia. A equipe de reportagem conversou com pessoas afetadas, voluntários, moradores que perderam tudo e familiares de vítimas. Nos locais atingidos, encontrou exemplos de solidariedade e união, que fizeram com que o estado se reerguesse após a devastação.
O resgate de Anthony
VÍDEO: bebê é resgatado de helicóptero por telhado de casa durante enchente no RS
No dia da enchente, Natasha Becker estava na casa da sogra com o marido e o filho Anthony, em Cruzeiro do Sul.
Em maio, o nível do Rio Taquari atingiu 34 metros, 21 metros acima da cota de inundação. A água subiu muito rápido, dificultando a reação dos moradores.
A água chegou no teto da residência de Natasha, só o telhado ficou de fora. Foi lá que a família ficou por três dias, sem comida e água, até ser resgatada por uma equipe do Exército.
A família perdeu a casa, móveis e um carro.
Hoje, o bebê já tinha um ano.
Natasha Becker e o bebê Anthony Miguel, resgatados da enchente no RS
Reprodução/RBS TV
Comunidades isoladas
Em maio, seis mil hectares de terra se movimentaram na região da Serra e no Vale do Taquari, de acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). No município de Roca Sales, foram 360 deslizamentos.
Os escombros bloquearam estradas deixando comunidades inteiras isoladas. Foi o caso de João Hespr, morador da Linha Borges de Medeiros. Ele, a esposa e os dois filhos ficaram cinco dias sem conseguir sair de casa. Para pedir ajuda, o homem precisou caminhar por oito horas no mato e sobre as barreiras.
“O maior problema nosso foi a falta de alimentação porque os meus filhos não tinham o que comer. Aí eu disse para minha mulher: ‘seja o que Deus quiser, eu vou sair ver se busco comida para os filhos’. Depois que eu cruzei todo o primeiro deslizamento, cortei as mãos, mas, graças a Deus, consegui sair. Fiz todo o trajeto de pé no chão”, relembra o morador.
A comunidade ficou 30 dias sem luz e isolada. A ajuda chegou por meio de helicóptero, que levou o João de volta pra casa. Agora, seis meses depois da enchente as estradas foram liberadas e o acesso reestabelecido.
“Agora gente tem comida, a gente foi atrás, então, graças a Deus, que agora já dá para dizer que estamos 100%”, explica.
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GUSTAVO MANSUR/GOVERNO DO RIO GRANDE DO SUL
Recuperação econômica
No município de Sinimbu, 100% das empresas locais foram atingidas pela enchente de maio. Mercados, lojas e farmácias foram tomados pela água do Rio Pardinho. A família de Talita Wagner tinha uma agropecuária e uma loja de cama, mesa e banho na principal avenida do município. A água invadiu os estabelecimentos, levou embora os móveis e destruiu o estoque.
Depois de um mês da tragédia, o estabelecimento voltou a funcionar. A família juntou as duas empresas em um lugar só, em uma das salas comercias que já eram utilizadas pelos negócios.
“A gente entendia que a primeira necessidade era retomar as atividades para conseguir honrar com as nossas despesas que a gente tinha para pagar e também para conseguir retomar a nossa atividade comercial para também ajudar o município”, explica Talita.
Família limpa loja afetada pela enchente em Sinimbu
Reprodução/RBS TV
Depois da enchente, o funcionamento da empresa mudou. O estoque foi realocado para uma parte mais alta.
“Foi um longo período de limpeza, de reconstrução, de readaptação e realmente agora parar e ver a empresa da forma que está organizada, às vezes com alguma coisa improvisada, mas a gente podendo estar aqui fazendo o nosso serviço, atendendo as pessoas, é muito gratificante, que a gente conseguiu passar e superar tudo isso”, relata a proprietária.
Rua em Sinimbu, cidade atingida por cheia no RS
Reprodução/RBS TV
Retomada da agricultura
No Rio Grande do Sul, 206 mil propriedades rurais registraram prejuízos na enchente de maio, de acordo com o governo do estado e a Emater. Uma delas foi a de Sérgio Kessler, produtor de grãos no interior de Santa Cruz do Sul.
Em maio, ele estava com a safra de soja pronta para ser colhida, mas a água chegou antes. Toda a produção foi perdida. O impacto foi sentido no início da nova safra no mês de outubro.
“Tivemos muito problema porque essas terras ficaram muito encharcadas. Tivemos que repor áreas de terra que foram levadas embora pela correnteza e fazer novas análises de solo para adubar de acordo. E pediu mais adubação”, conta o agricultor.
Em razão da qualidade do solo e pela lucratividade, Sérgio preferiu mudar a cultura para o arroz. Agora, seis meses depois, as novas sementes já germinam preparando uma nova safra.
“Isso dá gosto de ver, a gente trabalha muito, é a nossa vida, nós vivemos disso. Não tem outra saída. A gente fica feliz por conseguir completar de novo um novo ciclo que começa. Vamos com garra”, afirma.
Agricultor mostra sementes no RS
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