Afonso Ventania leva reportagem sobre trânsito à cúpula na Alemanha

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O bikerrepórter Afonso Ventania, do Jornal de Brasília, está entre os cinco finalistas do ITF Journalism Award – Transport and Mobility in Latin America and the Caribbean, a premiação mais importante do mundo voltada ao jornalismo sobre transporte e mobilidade. Ele concorre com a reportagem “Uma faixa, um sinal, milhares de vidas salvas”, que aborda a história do respeito à faixa de pedestres em Brasília e como a educação no trânsito ajudou a salvar milhares de vidas em uma cidade originalmente planejada para os carros.

Concedido pelo Fórum Internacional de Transportes (ITF), órgão intergovernamental vinculado à OCDE, o prêmio reconhece trabalhos jornalísticos que contribuam para o debate sobre políticas públicas de mobilidade urbana. A cerimônia ocorrerá entre os dias 21 e 23 de maio, em Leipzig, na Alemanha.

Além de finalista, Ventania foi convidado a apresentar sua reportagem como estudo de caso a mais de mil ministros e especialistas em transporte de todo o mundo. Também fará a cobertura jornalística da cúpula a convite do ITF.

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Foto: Vitor Mendonça / Jornal de Brasília

Sobre a experiência, ele destaca o impacto do jornalismo como ferramenta de transformação social:
“Espero muito que países que ainda não adotaram essa iniciativa [de respeito à faixa de pedestre] se inspirem a partir da demonstração que vou apresentar por lá.”

A reportagem

A matéria nasceu em 2024, quando o coronel Edvã Sousa, da CPTran/PMDF, procurou o repórter para contar a trajetória da faixa de pedestre, que completava 27 anos. O objetivo era destacar o papel do coronel Renato Azevedo, responsável por implantar a cultura de respeito ao pedestre nas ruas da capital nos anos 1990, por meio de ações de educação no trânsito.

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Foto: Arquivo da PMDF

Afonso retrata o cenário da época com precisão:
“Nos anos 90, o trânsito da capital federal figurava entre os mais violentos do mundo. Brasília, a capital da esperança, fora concebida para os carros. E os motoristas resistiam em abrir mão da fluidez para salvar vidas. Aceleravam seus imponentes possantes motorizados pelas vias largas e manchavam, de sangue, o plano urbanístico desenhado por Lúcio Costa.”

Os dados confirmam: só no primeiro semestre de 1996, 422 pessoas morreram no trânsito da capital. Em 1995, o DF já registrava os piores índices de mortalidade viária do Brasil. Azevedo, mesmo sem apoio político, liderou uma virada histórica com foco em educação, conscientização e apoio da imprensa.

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Foto: Afonso Ventania/ Bikerreporter do Jornal de Brasília

“A imprensa teve um papel crucial. O coronel foi pessoalmente às redações pedir apoio para incluir o respeito à faixa nas campanhas de conscientização. Isso mostra a força da educação no tripé do trânsito: fiscalização, engenharia e educação”, afirma Ventania.

A reportagem também traz relatos de policiais militares que atuaram nas ações de conscientização e analisa por que o sucesso de Brasília não se repetiu em outras cidades brasileiras.

O bikerrepórter

Com 23 anos de carreira, Afonso Ventania passou por algumas das principais redações do país. Cobriu eventos como os Jogos Pan-Americanos de 2003, as Olimpíadas de Atenas (2004), além dos bastidores da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016. Atuou ainda como repórter setorista da Presidência da República, acompanhando o Congresso Nacional.

Nos últimos anos, voltou seu foco à cobertura de temas urbanos, como mobilidade, segurança viária e infraestrutura cicloviária. Assim nasceu o projeto Bikerrepórter, que alia o trabalho jornalístico à vivência diária dos desafios da mobilidade urbana sobre duas rodas.

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Foto: Vitor Mendonça / Jornal de Brasília

Afonso também integra a Rede Urbanidade, fórum criado pelo Ministério Público com especialistas e estudiosos do setor. O grupo atua na formulação de propostas para políticas públicas em mobilidade urbana. Entre as pautas atuais estão a redução da velocidade em vias urbanas e a ampliação de ciclovias no DF.

Ele destaca o papel do poder público na promoção dessas mudanças:
“O GDF tem tido boas iniciativas por meio do DETRAN, ACMOB e PMDF. Esses órgãos são fundamentais nessa mudança de paradigma. Muita coisa ainda precisa acontecer, e a faixa de pedestres é uma delas.”

* Composto por 69 países-membros, o ITF tem como missão promover o debate global sobre políticas de transporte e mobilidade. O Brasil passou a integrar o grupo oficialmente em maio de 2023.

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