
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem reiterado publicamente sua cobrança ao Federal Reserve por cortes na taxa básica de juros, atualmente mantida entre 4,25% e 4,5% desde janeiro.
Em entrevista recente, afirmou que “ele [Jerome Powell] deveria baixá-las. E, em algum momento, ele o fará. Ele prefere não reduzir porque não é meu fã.”
Apesar das críticas, o líder norte-americano declarou que não pretende demitir Powell antes do fim do mandato, previsto para maio de 2026.
A defesa por juros mais baixos tem como uma das principais motivações a estrutura da dívida pública americana. Segundo dados de mercado, aproximadamente US$ 9 trilhões em títulos federais vencerão em 2025.
A rolagem desses papéis, caso feita sob taxas elevadas, pode representar aumento expressivo no custo do serviço da dívida. Juros mais baixos, nesse cenário, reduziriam os encargos pagos aos investidores e ampliariam a margem fiscal do Tesouro.
Além disso, Trump tem associado cortes na taxa básica a estímulos diretos à economia. No primeiro trimestre de 2025, o PIB (Produto Interno Bruto) apresentou retração, e indicadores do mercado de trabalho sinalizaram desaceleração.
Em discursos recentes, como no Fórum Econômico Mundial, o presidente dos EUA responsabilizou a política monetária por frear o crescimento e reforçou que taxas mais baixas poderiam impulsionar o consumo e os investimentos privados.
Tarifas comerciais
Outro ponto citado pela administração está ligado às tarifas comerciais. O governo ampliou a imposição de tarifas sobre importações, com alíquotas gerais de até 10% e medidas específicas contra países como China e México.
Economistas têm apontado que o efeito dessas tarifas é inflacionário, devido ao aumento no custo de produtos importados. Reduções nos juros, segundo os argumentos apresentados por Trump, ajudariam a mitigar esse impacto sobre os preços internos.
Trump x FED

A pressão pública exercida sobre o Federal Reserve tem sido recorrente desde o primeiro mandato de Trump, quando Jerome Powell foi nomeado.
Em declarações públicas, o presidente afirma compreender melhor a política monetária do que o corpo técnico do Fed, embora especialistas indiquem que a independência da autoridade monetária é cláusula institucional com proteção legal.
Trump já afirmou que considera o atual nível de juros um entrave para a competitividade americana e que seguirá cobrando cortes, mesmo diante de inflação acumulada de 2,9% em 2024, ainda acima da meta oficial de 2%.
A diretoria do Federal Reserve, por sua vez, tem reiterado que decisões sobre os juros continuarão baseadas em dados econômicos e projeções técnicas.
Desde janeiro, a instituição mantém a taxa estável, com sinalizações de que eventuais cortes dependerão do comportamento da inflação e do mercado de trabalho.
Questionado sobre a possibilidade de interferência direta, Trump declarou apenas que sua expectativa é de que o banco central “tome a decisão certa no tempo certo”.