Quando o Rei Charles III compartilhou nesta quarta-feira (30/04) sua mensagem emocionada de gratidão aos profissionais de saúde e pesquisadores que o acompanham em sua luta contra o câncer, ele destacou um aspecto fundamental do tratamento oncológico que frequentemente fica em segundo plano: o poder da conexão humana.
“O que nos impressiona repetidamente é o profundo impacto da conexão humana”, afirmou o monarca britânico em sua declaração, enfatizando a importância do que chamou de “comunidade de cuidado” – uma rede de apoio que sustenta pacientes nos momentos mais desafiadores.
Desde fevereiro de 2024, quando seu diagnóstico foi anunciado publicamente, o Rei Charles tem enfrentado não apenas os desafios físicos do tratamento, mas também o peso emocional que acompanha qualquer paciente oncológico. Em seu pronunciamento hoje no Palácio de Buckingham, o monarca de 76 anos descreveu a enfermidade como uma “experiência intimidadora e, às vezes, assustadora” – sentimento compartilhado por milhões de pacientes em todo o mundo.
Especialistas em oncologia têm cada vez mais reconhecido que o aspecto emocional é determinante para o sucesso do tratamento. Segundo dados da revista científica Frontiers, cerca de 25% dos pacientes com câncer apresentam sintomas de depressão, e até 45% relatam níveis elevados de ansiedade – transtornos que não apenas comprometem a qualidade de vida, mas interferem diretamente na adesão ao tratamento.
“A saúde mental não é um elemento acessório; ela é uma parte essencial do cuidado integral do paciente oncológico,” explica a psico-oncologista Cristiane Bergerot, líder nacional da especialidade equipe multidisciplinar da Oncoclínicas&Co.
O desafio do amparo psicológico
Na mensagem do Rei Charles, fica evidente a valorização de uma abordagem que engloba mais do que apenas procedimentos médicos. “Seu compromisso com o diagnóstico precoce, terapias cada vez mais bem-sucedidas e cuidados verdadeiramente holísticos representa o melhor que nosso país pode oferecer”, escreveu o monarca, destacando a importância de uma visão integrada do tratamento no Reino Unido.
Contudo, as oportunidades de contar com uma estrutura robusta de apoio não reflete a realidade de grande parte dos pacientes ao redor do mundo, representando desafios significativos para a saúde pública global. Especificamente no Brasil, o Índice Instituto Cactus-Atlas de Saúde Mental revela que apenas 5,1% da população recebe acompanhamento psicoterapêutico regular, enquanto 16,6% utilizam medicamentos psiquiátricos sem suporte complementar – uma abordagem que pode limitar a eficácia do tratamento.
O estigma cultural em torno da psicoterapia, frequentemente vista como desnecessária ou como um “luxo”, agrava o problema. Essa percepção, combinada à falta de integração dos serviços de saúde mental ao cuidado oncológico, cria barreiras significativas para pacientes que poderiam se beneficiar desse tipo de apoio.
Clarissa Mathias, oncologista da Oncoclínicas&Co, destaca que a espiritualidade – diferente da religiosidade – surge como um componente indispensável nesse processo. “Ela permite ao paciente encontrar forças internas para lidar com a jornada, promovendo bem-estar e serenidade em meio às adversidades”, explica a especialista.
Práticas como meditação, contato com a natureza ou reflexões pessoais podem auxiliar significativamente na redução do estresse e contribuir para uma visão mais ampla e integrada da saúde mental, conectando as dimensões física, emocional e espiritual do paciente.
O exemplo real como catalisador de mudanças
A abertura do Rei Charles sobre seu diagnóstico e tratamento representa mais do que uma nota pessoal – é um potencial catalisador para mudanças na percepção pública sobre o câncer e a importância do suporte emocional no processo terapêutico.
“A verdadeira luta contra o câncer vai além da doença; é uma jornada pela dignidade, pelo equilíbrio e pelo bem-estar do paciente. Precisamos de uma medicina que enxerga o ser humano em sua complexidade, unindo corpo, mente e espírito para alcançar melhores resultados terapêuticos,” complementa Cristiane Bergerot.
As especialistas da Oncoclínicas apontam que pacientes emocionalmente amparados são mais propensos a seguir os protocolos médicos, experimentam redução significativa do estresse e desfrutam de melhor qualidade de vida durante a jornada oncológica.
A mensagem do monarca britânico ecoa os anseios de especialistas por um sistema de saúde que reconheça e valorize a integralidade do ser humano. ”Para alcançar esse objetivo, são necessárias transformações estruturais e culturais, incluindo o fortalecimento de políticas públicas, investimento em educação profissional e ampliação do acesso a serviços especializados”, enfatiza Clarissa Mathias.
Campanhas de conscientização, como a protagonizada hoje pelo Rei Charles, têm papel estratégico na desmistificação da psicoterapia e no incentivo ao cuidado integral. Ao compartilhar sua experiência e gratidão, o monarca não apenas humaniza sua própria jornada, mas convida sociedade e instituições a repensarem como apoiamos aqueles que enfrentam o câncer.
Em um momento em que o reino se solidariza com seu soberano, sua mensagem de gratidão transcende as paredes do palácio para lembrar que, na batalha contra o câncer, o apoio emocional não é um privilégio real – é um direito fundamental de todo paciente.
Sobre a Oncoclínicas&Co
Oncoclínicas&Co é o maior grupo dedicado ao tratamento do câncer na América Latina, com um modelo hiperespecializado e inovador voltado para a jornada oncológica. Com um corpo clínico formado por mais de 2.900 médicos especialistas em oncologia, a companhia está presente em 40 cidades brasileiras, somando mais de 140 unidades. Com foco em pesquisa, tecnologia e inovação, o grupo realizou nos últimos 12 meses cerca de 682 mil tratamentos. A Oncoclínicas segue padrões internacionais de excelência, integrando clínicas ambulatoriais a cancer centers de alta complexidade, potencializando o tratamento com medicina de precisão e genômica. Parceira exclusiva no Brasil do Dana-Farber Cancer Institute, afiliado à Harvard Medical School, adquiriu a Boston Lighthouse Innovation (EUA) e possui participação na MedSir (Espanha). Integra ainda o índice IDIVERSA da B3, reforçando seu compromisso com a diversidade. Com o objetivo de ampliar sua missão global de vencer o câncer, a Oncoclínicas chegou à Arábia Saudita por meio de uma joint venture com o Grupo Al Faisaliah, levando sua expertise oncológica para um novo continente. Saiba mais em: www.grupooncoclinicas.com.
“Uma experiência intimidadora e, às vezes, assustadora”, declarou o Rei Charles III sobre sua luta contra o câncer
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