Quantos stories de corrida você vê por dia?
Se você acha que estamos diante apenas de mais uma “modinha”, é melhor repensar.
O social running, como esse movimento é chamado, vai muito além do esporte: ele resgata a essência do contato humano.
Em um tempo em que a inteligência artificial responde tudo, mas não sente nada, os rituais físicos ganharam novo significado. Correr cinco quilômetros virou o novo “vamos tomar um café?” — mas agora o ponto de encontro é diferente: um grupo de pessoas, uma playlist compartilhada, um app registrando cada passo, e marcas que entendem que quem corre gasta energia, dinheiro — e volta.
De onde vem essa mudança?
O social running cresce como uma tendência de wellness, impulsionada principalmente pela geração Z, que, cansada do isolamento digital, coloca o bem-estar como prioridade. O esgotamento da hiperprodutividade e a sede por conexões reais tornaram os encontros coletivos um antídoto para os sintomas pesados dos nossos dias — sintomas que millennials e geração X enfrentaram por muito tempo sem sequer perceber.

Foto: Divulgação/unsplash
No Brasil, a participação em eventos de corrida de rua tem crescido significativamente. Segundo uma pesquisa do Ticket Sports (2022), a maioria dos atletas participa de 2 a 5 eventos por ano, com preferência pelas provas de 5 km e 10 km. Além disso, 72% dos corredores afirmaram realizar compras durante esses eventos — uma oportunidade valiosa para marcas que desejam se conectar diretamente com o consumidor.
A corrida, hoje, é um novo território de experiências sensoriais e emocionais. Mais do que um esporte, virou um ritual terapêutico que cria novas formas de conexão: é ponto de encontro para amigos, espaço para novos relacionamentos — será que o Strava será o novo Tinder?
A tecnologia, longe de substituir, amplia a experiência. Aplicativos de corrida, redes sociais e plataformas de desafios online fortalecem vínculos, aprofundam o senso de pertencimento e transformam a jornada em algo que vai muito além do virtual.

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O potencial de mercado acompanha esse fenômeno. O mercado global de materiais esportivos atingiu US$ 300 bilhões em 2022, com marcas como Nike, Adidas, Puma e Under Armour na liderança. Essas empresas investiram, juntas, US$ 8,4 bilhões em marketing no mesmo ano, o que representa, em média, 11% de suas vendas. A Nike, sozinha, destinou US$ 3,9 bilhões, correspondendo a 8% de seu faturamento.
Essas marcas entenderam: não vendem mais apenas tênis — vendem pertencimento, experiências e rituais. A corrida não termina na linha de chegada. Ela se expande para festivais, encontros, viagens e novas formas de se relacionar. Afinal, quem corre busca mais do que performance: busca comunidade.
Os eventos de corrida, hoje, são uma resposta humana a um mundo cada vez mais digital. Eles aproximam pessoas em torno de propósitos comuns, reforçando a necessidade de conexões verdadeiras. Por isso, o social running não é apenas uma tendência — é um fenômeno que veio para ficar.
E você, já percebeu essa mudança?
Fontes: McKinsey, Future of Wellness 2024