Dorival Júnior chegou ao Maracanã como espectador e saiu com um pressentimento: “O que diabos eu estou fazendo aqui?” Enquanto o Corinthians levava mais uma surra – 4 a 0, com direito a vexame e pipoca alvinegra –, o futuro técnico do time já sentia o peso da camisa que ainda nem vestiu oficialmente. O Flamengo passeou, o elenco corinthiano se arrastou, e a torcida, entre vaias e desespero, já gritava o óbvio: “Não tem jeito, esse time virou um cemitério de carreira!”
Mas Dorival, homem de desafios, aceitou o convite. Ou melhor, aceitou a missão impossível. Porque assumir o Corinthians em 2025 não é um trabalho, é um ritual de masoquismo. O clube está quebrado, o time está perdido (sem técnico, sem rumo, sem vergonha), e a torcida, que já tentou até vaquinha para salvar o clube, agora só espera um milagre. Ou um exorcista.
O Flamengo não precisou suar para humilhar o Corinthians. Cebolinha, Arrascaeta e Pedro fizeram o que quiseram, como se estivessem treinando contra um time de várzea. A zaga é um passeio, o meio-campo é um deserto, e o ataque… bem, qual ataque? Se o problema fosse só técnico, ainda dava para resolver. Mas o buraco é muito mais embaixo.
R$ 181 milhões de déficit em 2024. Dívida total beirando os R$ 2,5 bilhões. A vaquinha da torcida, que esperava levantar R$ 700 milhões, não pagou nem o cafezinho do conselho – arrecadou míseros R$ 40 milhões. E ainda tem que pagar R$ 5 milhões para o Ramón Díaz só porque alguém achou que ele seria a solução. Piada pronta.
Dorival é a salvação?
Ou pelo menos é nele que a Fiel está apostando. O cara que conseguiu consertar o Flamengo em 2022 agora é a última cartada de um clube que já tentou de tudo – de argentino genioso a português enganador. Mas, diferentemente do Fla, aqui não tem orçamento, não tem elenco e não tem paz. Aqui, o técnico vai ter que lutar contra a panela, a diretoria, a dívida e o fantasma do rebaixamento.
Se der certo, Dorival vira santo. Se der errado, vira mais um nome no cemitério de técnicos do Corinthians. Mas uma coisa é certa: ele já sabe que não vai ser fácil. Quando perguntaram quando assinaria o contrato, ele respondeu: “Vamos com calma.” Sábio. Porque depois que colocar a mão nesse vespeiro, a única calma que ele vai ter é a do olho do furacão.