EDUARDO MOURA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
Servidores do Ministério da Cultura decidiram, nesta sexta (25), entrar em greve a partir da próxima terça-feira por tempo indeterminado.
Entre as demandas, destaca-se a reestruturação da carreira da Cultura, visando valorização dos profissionais e criação de plano de carreira. Segundo os servidores, o Ministério da Gestão e Inovação está travando o avanço das negociações das melhorias de condições de trabalho da carreira.
“A greve agora não é por uma falta de ação do MinC, mas pela falta de respostas do MGI a reestruturação da carreira da Cultura”, diz Ruth Vaz Costa, da Confederação dos Trabalhadores do Serviço Público Federal, a Condsef. “Entendemos, portanto, que o MGI tem virado as costas para a Cultura, ignorado todo os nossos pedidos de diálogo, sejam eles via associações, mas principalmente via sindicatos.”
A categoria quer o cumprimento de acordos passados e a criação da carreira. Segundo a Condsef, uma proposta de reestruturação da carreira já foi entregue, no ano passado, pela ministra da Cultura, Margareth Menezes, à ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck. Desde então, seis reuniões foram agendadas e adiadas pelo MGI.
Em nota, o Ministério da Cultura afirma que respeita a movimentação dos servidores e suas reivindicações. A pasta afirma que trabalha junto ao MGI no projeto plano de carreira dos servidores. Segundo a nota, em agosto do ano passado, a ministra Margareth Menezes entregou para a ministra Esther Dweck uma proposta de carreira baseada nos pedidos elaborados em Grupos de Trabalho do MinC, demonstrando seu compromisso com a valorização dos trabalhadores da cultura.
São trabalhadores do MinC e dos escritórios regionais, além de entidades vinculadas como Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), Ibram (Instituto Brasileiro de Museus), Fundação Biblioteca Nacional e Funarte (Fundação Nacional de Artes).
A paralisação foi aprovada no Distrito Federal e em pelo menos 14 estados –Amazonas, Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina.
Um servidor da Cultura em topo de carreira recebe R$ 9.728, enquanto em carreiras como analista em infraestrutura do DNIT, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, por exemplo, os salários chegam a R$ 21.886.
Profissionais da cultura também reclamam de sobrecarga de trabalho devido à redução no quadro de pessoal na última década, de acordo com Ruth Vaz Costa.
Entre 2014 e 2023, a força de trabalho do ministério teve uma queda de 36,6%. A cifra fica acima da redução no quadro geral de profissionais do setor público federal, que foi de 7,8% no mesmo período.