Paquistão fecha espaço aéreo para Índia e risco de guerra aumenta

Islamabad, 24 – As tensões entre Índia e Paquistão escalaram nesta quinta-feira, 24, após o governo paquistanês anunciar uma série de medidas retaliatórias, incluindo o fechamento de sua fronteira e de seu espaço aéreo para companhias aéreas indianas. As medidas foram tomadas um dia após a Índia culpar o Paquistão por um atentado que matou 26 turistas na Caxemira.

Após uma reunião do Comitê de Segurança Nacional, o Paquistão anunciou que, além de interromper todo o trânsito de indianos para o Paquistão, a Índia deveria reduzir seu pessoal diplomático em Islamabad. O governo também suspendeu todo o comércio com o país vizinho.

O governo indiano não identificou nenhum grupo como responsável pelo ataque de terça-feira, 22, em uma área turística da Caxemira, mas anunciou uma enxurrada de medidas punitivas contra o Paquistão no dia seguinte, incluindo a suspensão de um importante tratado sobre o uso da água de rios, em resposta ao que disse ser o apoio do Paquistão a ataques terroristas dentro da Índia. Autoridades paquistanesas chamaram as ações da Índia – que incluíram a revogação de vistos para paquistaneses e uma degradação dos laços diplomáticos – de “unilaterais, politicamente motivadas e juridicamente nulas”.

Água

Em declaração sobre a suspensão do tratado de água pela Índia, o Paquistão advertiu que qualquer tentativa de bloquear ou desviar o fluxo dos rios seria “considerada um ato de guerra”. O Paquistão depende da água do sistema fluvial do Rio Indo, que atravessa o norte da Índia, para cerca de 90% de sua agricultura

O tratado, mediado pelo Banco Mundial, em 1960, era visto como um raro pilar de estabilidade na região, um quadro que perdurou mesmo através de guerras em grande escala. Seu desenrolar agora marca uma ruptura com um enorme peso simbólico e estratégico.

Antes da reunião do comitê de segurança, o governo paquistanês havia adotado um tom comedido depois do ataque conduzido por dois homens armados na Caxemira, insistindo que não tinha interesse em ver a tensão com a Índia escalar.

No entanto, em todo o Paquistão, as pessoas estão convivendo com uma crescente preocupação, à medida que autoridades indianas insinuam a possibilidade de ataques militares. Nos canais de TV, analistas de defesa alertam para consequências imprevisíveis se as hostilidades entre os vizinhos armados com armas nucleares se intensificarem.

O ataque na Caxemira, uma região reivindicada por ambos os países e sobre a qual lutaram guerras, desencadeou um padrão já conhecido. A mídia indiana, que está em grande parte alinhada com o governo do primeiro-ministro Narendra Modi, rapidamente apontou o dedo para o Paquistão. Islamabad negou envolvimento e acusou a Índia de tentar desviar a atenção de falhas de segurança na região.

Guerra total

O último ataque nesta escala na parte indiana da Caxemira ocorreu em 2019, quando dezenas de agentes de segurança indianos foram mortos. Após o episódio, a Índia iniciou uma campanha de bombardeios que parou pouco antes de uma guerra total.

Alguns analistas paquistaneses alertam que a confrontação atual poderia se intensificar além do impasse de 2019. Para Syed Muhammad Ali, um analista de segurança em Islamabad, a Índia está usando o ataque para buscar solidariedade dos EUA e aliviar as tensões das tarifas do presidente, Donald Trump, bem como para reprimir o impulso pela independência da Caxemira, retratado como um movimento terrorista.

Até quarta-feira, 23, oficiais paquistaneses disseram que não viram evidências de uma mobilização militar indiana. Eles disseram que o Exército paquistanês permanece em alerta ao longo da linha de controle, que separa as partes administradas pela Índia e pelo Paquistão na Caxemira.

Alguns analistas militares e oficiais acusaram a Índia de encenar o ataque, notando que ele ocorreu enquanto o vice-presidente americano, J.D. Vance, estava visitando a Índia. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)I

Estadão Conteúdo

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