SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
Os boletins médicos sobre o estado de saúde do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está internado em Brasília, têm trazido a informação de que ele está se alimentando exclusivamente por “nutrição parenteral”. Mas o que isso significa?
Na nutrição parenteral é instalado um cateter que, por meio dele, o paciente recebe uma fórmula composta por glicose, lipídios, aminoácidos, eletrólitos, vitaminas e minerais. Dessa forma, a pessoa consegue absorver nutrientes direto na corrente sanguínea, sem passar pelo sistema digestivo.
Uma revisão sistemática sobre a nutrição parenteral, publicada na revista científica Nutrients em 2022, afirma que as principais indicações para seu uso são a falência intestinal, obstrução intestinal ou outras doenças que impeçam o organismo de absorver nutrientes pelo trato digestivo.
Ela é diferente da nutrição enteral, que é usada quando o paciente não consegue se alimentar pela boca ou tem necessidades de nutrientes que não estão sendo atendidas apenas através da alimentação comum. Nesse caso, ele recebe os nutrientes direto no estômago ou no intestino delgado através de uma sonda.
De acordo com o estudo da Nutrients, a nutrição enteral deve ser considerada como primeira opção em casos que não é possível alimentação por via oral, seguida pela parenteral. Os principais riscos associados à nutrição parenteral são infecções no cateter, alterações metabólicas como hipo ou hiperglicemia, e riscos associados à inserção do acesso central, como embolismo e sangramento.
Não é a primeira vez que Bolsonaro usa a nutrição parenteral. Em 2019, durante outro período de internação por complicações causadas pela facada que levou durante a campanha presidencial de 2018, o então presidente também teve que receber nutrição pelas veias. Aos poucos, ela foi sendo substituída por uma dieta líquida, até a retomada da alimentação normal.
Há quem use a nutrição parenteral como forma de transição, assim como Bolsonaro, mas também existem pacientes que são dependentes dela a longo prazo.
Para esses pacientes, há um desafio adicional: o SUS (Sistema Único de Saúde) não oferece este tipo de alimentação em atendimento domiciliar na maior parte do país.
No caso de crianças com falência intestinal, por exemplo, apenas dois hospitais realizam o atendimento domiciliar, que reduz o risco de infecções no tratamento prolongado. Eles são o Hospital Municipal Infantil Menino Jesus, em São Paulo, que possui uma parceria com o Hospital Sírio-Libanês, e o HCPA (Hospital de Clínicas de Porto Alegre).