A primeira animação 100% original dos personagens da Looney Tunes em longa-metragem finalmente chega nesta quinta-feira (24). E chega chutando o balde, a lógica, o bom senso — e, como não poderia deixar de ser, chutando o próprio planeta para fora da rota. Looney Tunes: O Dia Que a Terra Explodiu é mais do que um título grandioso: é um manifesto do absurdo, um convite para embarcar em uma comédia que desafia qualquer expectativa de linearidade ou sobriedade.
Dirigido por Pete Browngardt, nome por trás do recente revival Looney Tunes Cartoons, o filme bebe diretamente da fonte clássica da Warner Bros., mas não se contenta em reproduzir o passado. Pelo contrário: o longa transforma o legado das esquetes curtas em uma jornada de 90 minutos com timing frenético, visual alucinado e uma trama que mistura alienígenas, chicletes mutantes, drama imobiliário e explosões espaciais — tudo com aquele humor desregulado que só Patolino, Gaguinho e cia. sabem entregar.

Foto: Divulgação/Paris Filmes
A missão aqui era quase suicida: como segurar a essência do formato que eternizou os personagens — o curta cômico — dentro de um longa com começo, meio e fim? A resposta de Browngardt é simples: não segura. Deixa escapar, escorregar, correr solta. O resultado é uma narrativa que parece correr por cima de trilhos de dinamite, prestes a explodir a qualquer momento — e que, surpreendentemente, se mantém coesa por um fiapo de emoção genuína entre seus protagonistas.
O enredo começa com Patolino e Gaguinho ainda crianças, sendo criados por um fazendeiro de pedra (literalmente) até se tornarem adultos em apuros. Endividados e prestes a perder a casa onde cresceram, eles embarcam em uma missão insana para salvar seu lar — missão que, como não poderia deixar de ser, envolve um plano alienígena para transformar a Terra em goma de mascar intergaláctica. Sim, é isso mesmo. E não, não faz sentido. Mas também: desde quando Looney Tunes se preocupou com isso?

Foto: Divulgação/Paris Filmes
A dublagem brasileira é um espetáculo à parte. Márcio Simões e Manolo Rey entregam performances energéticas e hilárias como Patolino e Gaguinho, respectivamente, resgatando a química clássica entre os dois, agora com uma carga emocional sutil que dá alguma gravidade à maluquice. A relação entre eles sustenta o filme quando a trama ameaça se esfarelar, funcionando como um contraponto afetuoso à barulheira visual constante.
Há também um subtexto curioso no meio de tanta bagunça. Entre perseguições asteróides e monstros gelatinosos, O Dia Que a Terra Explodiu acaba fazendo uma ode inesperada à amizade, à persistência e à resistência criativa em tempos difíceis. É impossível não pensar na atual situação dos Looney Tunes dentro da própria Warner — relegados, descontinuados, ameaçados por decisões corporativas que pouco dialogam com o valor histórico da marca. O filme, nesse sentido, soa como um grito de resistência em technicolor.

Foto: Divulgação/Paris Filmes
Conclusão
Mais do que uma colagem de esquetes engraçadas, este é um filme que acredita na longevidade de seus personagens. E, talvez mais importante, acredita no poder da piada sem filtro, do exagero sem vergonha e da criatividade que desafia qualquer plano de marketing. Se o mundo acabar em explosões coloridas e marretas gigantes, que ao menos seja nas mãos de quem entende como fazer rir. E nisso, os Looney Tunes ainda são mestres.
Confira o trailer:
Ficha Técnica
Direção: Pedro Browngardt;
Roteiro: Darrick Bachman, Pedro Browngardt, Kevin Costello, André Dickman, David Gemmill, Alex Kirwan, Ryan Kramer, Jason Reicher, Michael Ruocco, Johnny Ryan, Eddie Trigueros;
Elenco: Julia Stockler, Mari Oliveira, Ravel Andrade, David Santos, Jorge Neto, Pally, Vertin Moura;
Gênero: comédia de ficção científica;
Duração: 91 minutos;
Distribuição: Paris Filmes;
Classificação indicativa: 10 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Sinny Assessoria