A morte do Papa Francisco, aos 88 anos, na última segunda-feira, reverberou em todo o mundo, não apenas pelo seu papel como líder religioso, mas também como figura de influência global em questões sociais e econômicas. Em meio às homenagens, o legado do pontífice no campo da economia ganha destaque, com suas críticas à “economia que mata” e seu apelo por um modelo mais justo e sustentável.
Em entrevista à Rádio Cidade em Dia, o economista Murialdo Gastaldon analisou o pensamento econômico do Papa, ressaltando sua preocupação com a desigualdade e a degradação ambiental. “O Papa critica muito o que ele chama de economia que mata. Ele considera que o nosso modelo econômico é um modelo que prioriza o lucro acima das pessoas. E para ele, a economia deve servir as pessoas e não as pessoas servirem a economia”, explicou Gastaldon.
Francisco defendia uma “ecologia integral”, que conectasse a justiça social à preservação do meio ambiente. Ele alertava para os limites do planeta e a necessidade de um consumo consciente. “Se todos os oito bilhões de habitantes tiverem o consumo que têm os europeus ou os estadunidenses, o planeta não dá conta de atender toda essa demanda”, afirmou o economista.
Em 2019, o Papa lançou a “Economia de Francisco”, um movimento global que reuniu jovens economistas e empreendedores em Assis, na Itália, cidade natal de São Francisco de Assis, padroeiro dos animais e do meio ambiente. O objetivo era promover um modelo econômico mais humano e sustentável.
Gastaldon citou algumas das frases marcantes do Papa sobre o tema: “Não pode ser que não seja notícia quando um idoso sem teto morre de frio, mas seja notícia qualquer variação de qualquer percentual na Bolsa de Valores. Essa é a exclusão”. E ainda, “O dinheiro deve servir, não governar”.
O economista destacou a diferença entre a visão do Papa e a de figuras como o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “A preocupação do presidente Trump e suas angústias não têm nada a ver com a preocupação que tinha o Papa Francisco e com as suas angústias em relação ao mundo”, comparou.
Para o professor, o legado do Papa Francisco transcende as questões religiosas e tem um impacto profundo na vida de todas as pessoas. “Ele acabou, com o seu exemplo, suas colocações e sua participação nesse momento da história da humanidade, sendo uma luz, uma referência que com certeza vai continuar inspirando, mesmo ele não estando mais existindo entre nós”, concluiu Gastaldon.
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