Amigo, solitário e destemido: quem era ‘Jorginho’, caseiro que morreu atacado por onça no Pantanal


Cunhado de Jorge Avalo, que morreu atacado por onça, lembra a história do familiar e a ligação do idoso com o Pantanal. Entre amigos e familiares, a vítima era chamada carinhosamente de ‘Jorginho’. Restos mortais de homem atacado por onça são achados em toca no Pantanal
O caseiro Jorge Avalo, de 60 anos, que morreu após ser atacado por uma onça às margens do rio Miranda, em Aquidauana (MS), mantinha uma amizade de 30 anos com o cunhado, Valmir de Araújo. O g1 conversou com o parente da vítima, que falou sobre a relação dos dois.
O cunhado foi uma das pessoas que ajudou a encontrar os restos mortais de Jorge, nesta terça-feira (22). Os dois também aparecem em um vídeo alertando sobre a presença de onças no Pantanal, dias antes do ataque ocorrido na segunda-feira (21).
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Ao g1, o pescador e empresário contou que os dois se conheceram há 30 anos, quando Valmir conheceu a esposa, irmã de Jorge. Entre familiares e amigos, o caseiro era chamado carionhosamente de Jorginho.
“Meu cunhado era o amor da minha vida. Toda vez que eu viajava, parava na casa onde ele trabalhava só pra ver ele”, contou.
Segundo Valmir, Jorge trabalhava havia 16 anos como caseiro no local e já estava acostumado com a presença de onças na região.
“Ele sempre avisava que as onças estavam lá. Ele não tinha medo. O patrão dele não conseguia achar ninguém pra ficar lá. Só ele. Teve uma vez que ele saiu de lá, mas o patrão pediu pra ele voltar, porque não achava mais ninguém pra trabalhar”.
Quando se conheceram, Jorge trabalhava como desossador em um frigorífico. Depois, trabalharam juntos como cozinheiros. Após conseguir o emprego de caseiro, nunca mais saiu.
Valmir conta que, apesar de ser uma pessoa alegre e sorridente, Jorge também era bastante sistemático. “Eu brincava que ele era um cara chato. Morava sozinho, não gostava de ficar com ninguém”. Mesmo assim, os dois mantinham uma amizade forte.
“Ele era meu amigo demais, era o único cunhado que me ligava todos os dias. Era meu amigo, meu parceiro. Mas só eu podia visitar ele, porque aquele lugar era restrito dele”.
Na foto com os amigos, Jorge aparece vestindo uma camisa cinza, abraçado no cunhado.
Arquivo pessoal
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Relato das buscas
O cunhado, que ajudou nas buscas, conta que, no dia anterior ao encontro dos restos mortais, já tinha fé de que encontraria Jorge. “Eu saí cedinho pra procurar. Falei: ‘amanhã eu acho meu cunhado, se Deus quiser’, e achei”.
Ele relatou ainda que o corpo foi encontrado em uma área de mata fechada e de difícil acesso. “A onça pegou meu cunhado e sumiu com ele. Cruzou uma área alagada e levou ele pro mato. E eu sabia disso, eu sabia que ia encontrar meu cunhado”.
Valmir, que vive no Pantanal desde os 5 anos, disse que já viu onças de perto e nunca acreditou que pudessem atacar alguém. “Tem que acontecer na família pra gente acreditar”, lamentou.
Entenda o caso
A Polícia Militar Ambiental (PMA) confirmou a morte do caseiro na segunda-feira (21) após encontrar pegadas do felino junto a partes do corpo do homem.
Nesta terça-feira (22), outras partes do corpo foram encontradas pelas equipes de busca, em uma toca do felino localizada em uma mata fechada, a cerca de 300 metros do local do ataque.
O corpo de Jorge foi recolhido pela equipe da PMA e encaminhado para perícia técnica no Núcleo Regional de Medicina Legal de Aquidauana. A funerária de plantão na cidade também foi acionada.
Vítima foi identificada como Jorge Avalo, de 60 anos.
Redes sociais/Reprodução
Um dos últimos momentos de descontração entre Jorge e os amigos.
Veja vídeos de Mato Grosso do Sul:
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