Internet nas escolas públicas tem dados inflados pelo MEC, revela levantamento

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Apesar de prometer internet de qualidade em todas as escolas públicas até 2026, o Ministério da Educação (MEC) tem superestimado a conectividade nas unidades de ensino, segundo levantamento do Estadão. Um exemplo é o Centro Educacional Irmã Maria Regina, no Distrito Federal, onde alunos usam sinal de celular ou recorrem à lanchonete da escola para acessar a internet. Ainda assim, o MEC classifica a conexão da escola como “adequada”.

Dos 137,9 mil colégios públicos, o ministério afirma que 60% têm conexão adequada, mas, com base em medições reais, esse número cairia para 49,2%. O Estadão identificou 15.404 escolas com internet considerada adequada pelo governo, mas que não atingem os padrões mínimos exigidos de velocidade, conforme medição oficial do programa Educação Conectada. O MEC, porém, considera também dados autodeclarados por escolas e secretarias, que inflacionam os números positivos.

A unidade do DF deveria ter velocidade de 431 Mbps, mas, segundo o medidor oficial, registra apenas 61 Mbps. Mesmo assim, consta nos registros como tendo 800 Mbps.

O MEC reconhece o uso de múltiplas fontes de medição, incluindo declarações de diretores e dados de outros programas, como o Banda Larga nas Escolas e o Aprender Conectado, além de dados fornecidos pela Anatel e pelo Ministério das Comunicações. A pasta alega que dificuldades técnicas e a falta de instalação contínua do software oficial impedem medições confiáveis em todas as escolas.

Em resposta, o governo criou o Indicador Escolas Conectadas, com notas de 1 a 5. Apenas as escolas com notas 4 ou 5 são consideradas com internet adequada. Mesmo esse sistema, porém, ainda utiliza dados inflados.

Especialistas criticam a falta de padrão técnico e a desarticulação das políticas. Para Paloma Rocillo, do Instituto de Referência em Internet e Sociedade, a exclusão digital nas escolas agrava desigualdades sociais. Ela defende um padrão único e robusto de medição, além de maior compromisso político para garantir conectividade significativa nas salas de aula.

Apesar da promessa do presidente Lula e do investimento previsto de R$ 8,8 bilhões até 2026, o ritmo atual exigiria conectar 200 escolas por dia até o fim do mandato para cumprir a meta.

As informações são do jornal O Estado de São Paulo

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